10 plantas urbanas comuns que você talvez não saiba que pode comer
Ipê, paineira e hibisco estão entre as espécies comestíveis mais comuns nas cidades brasileiras.
Já pensou em rechear um pastel com as flores do ipê, em preparar uma salada com as folhas da paineira ou um sorvete com os frutos da costela-de-adão?
Muitas plantas comuns nas cidades brasileiras têm partes comestíveis e poderiam enriquecer os nossos cardápios.
Basta tomar algumas precauções ao coletá-las, explica o gestor ambiental Guilherme Ranieri, especialista em plantas alimentícias não convencionais (PANC).
Primeiro, deve-se certificar de que realmente pertencem às espécies almejadas. Para ter certeza, examine a planta e a compare com imagens da espécie em catálogos botânicos, pesquisando por seu nome científico.
Depois, deve-se higienizá-la para eliminar micro-organismos nocivos. Ranieri sugere mergulhar a planta por 15 minutos numa solução de água e hipoclorito de sódio (item vendido nos mercados como desinfetante ou purificador).
Segundo ele, deve-se ter o mesmo cuidado com todas as verduras e legumes comuns.
Plantas em avenidas movimentadas ou em áreas que possam estar contaminadas – como os arredores de zonas industriais, oficinas mecânicas e postos de gasolina – devem ser evitadas.
“Na dúvida, melhor não comer”, diz Ranieri.
A BBC Brasil listou dez espécies de plantas comestíveis bastante comuns em cidades do país:
1. Flores do ipê (Handroanthus chrysotrichus, Handroanthus impetiginosus, Handroanthus heptaphyllus, Tabebuia aurea e Tabebuia roseoalba)
Há variedades roxas, amarelas e brancas de ipês com flores comestíveis. Com perfume adocidado e leve amagor – similar ao da alface ou do almeirão -, elas podem ser servidas cruas ou refogadas e salteadas, acompanhando carnes e legumes.
Outra opção é servi-las à milanesa ou à dorê.
2. Brotos e sementes da araucária (Araucaria angustifolia)
Além do mais conhecido pinhão (a semente da árvore), são comestíveis seus brotos jovens, retirando-se as folhas externas, mais duras.
Devem ser preparados em conservas com água, sal e vinagre e depois aquecidos em banho-maria por dez minutos.
3. Frutos da costela-de-adão (Monstera deliciosa)
O fruto da trepadeira é comestível quando está bem maduro e começa a soltar suas plaquetas – tão saboroso que ganhou o termo “deliciosa” em seu nome científico.
Mas cuidado para não confundi-la com plantas parecidas e que podem ser tóxicas. Um detalhe que facilita sua identificação são os furos arredondados nas folhas, normalmente ausentes nas outras espécies.
4. Flores e folhas do hibisco (Hibiscus rosa-sinensis)
As folhas jovens substitutem o espinafre ou a couve em saladas e pratos quentes. As flores são consumidas cruas, em saladas, ou como decoração de pratos variados.
Também podem ser usadas como corantes de conservas.
5. Folhas e rizomas da taioba-roxa (Xanthosoma violaceum)
O rizoma (caule subterrâneo) pode ser cozido e, após descascado, comido frito, assado ou como purê. As folhas bem jovens também são comestíveis, mas devem ser bem cozidas, descartando-se as nervuras mais grossas. As mesmas instruções valem para a taoiba comum, de caule verde.
6. Folhas da paineira (Ceiba speciosa)
As folhas jovens podem ser consumidas cruas, na salada. Quando cozidas, refogadas ou ensopadas, soltam uma baba (mucilagem) que lembra a do quiabo.
São uma excelente fonte de minerais, como o fósforo.
7. Flores e palmito da pata-de-elefante ou iuca-elefante (Yucca guatemalensis)
As flores são consumidas empanadas e fritas, ou salteadas para recheios de tortas e panquecas.
O miolo dos brotos terminais (palmitos) são comidos crus ou em conservas. A espécie é bastante consumida em El Salvador.
8. Flores e sementes verdes do flamboianzinho (Caesalpinia pulcherrima)
Após fervidas, as sementes imaturas (verdes) podem ser consumidas como o grão-de-bico, quentes ou frias, ou transformadas em patês. Preferencialmente, deve-se descascar os grãos.
As flores cozidas também são comestíveis.
9. Sementes da castanha-do-maranhão (Bombacopsis glabra)
As sementes, obtidas quando as frutas maduras caem e se abrem, podem ser comidas cruas ou assadas – nesse caso, deve-se perfurá-las para que não estourem. Aconselha-se retirar a casquinha fibrosa que envolve as sementes. O sabor lembra o do amendoim, porém mais suave.
As palmas jovens podem ser grelhadas, salteadas, ensopadas ou usadas para fazer pães e bolos. Os frutos rendem sucos, geleias, licores e sorvetes.
Deve-se tomar cuidado com os espinhos ao extraí-las. É bastante usada na culinária do México.
Fontes:
Livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil”, de Valdely Ferreira Kinupp e Harri Lorenzi, e o blog Come-se (come-se.blogspot.com.br), da nutricionista Neide Rigo.
Davson Filipe: Davson Filipe é Técnico em Eletrônica, WebDesigner e Editor do Realidade Simulada - Blog que ele próprio criou com propósito de divulgar ciência para o mundo. Fascinado pelas maravilhas do universo, sonha em um dia conhecer a Nasa.
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