A história do médico que terminou no hospício por defender a importância de lavar as mãos
Em 1860, em uma das alas da maternidade do Hospital Geral de Viena, na Áustria, 30% das grávidas morriam com febre. Em outra ala, porém, a taxa de mortalidade era dez vezes menor.
O médico húngaro Ignaz Semmelweis, que trabalhava ali, matou a charada quando examinou o corpo de um colega, que havia morrido depois de ter se cortado em uma autópsia.
Semmelweis lembrou que a ala problemática era atendida por estudantes, que iam para lá depois de dissecarem cadáveres. Concluiu que eles traziam consigo algum agente de doença.
Determinou então rigorosas medidas de assepsia, principalmente a lavagem das mãos dos médicos com sabão antes do exame das parturientes.
A queda sensível da taxa de mortalidade provocou o despeito do chefe da clínica, que o forçou a se afastar de Viena (1850) e foi para a Universidade de Pest, onde trabalhou como médico obstetra na maternidade da cidade, aplicou seus métodos com mesmo sucesso e tornou-se professor de obstetrícia.
O futuro que ele não chegou a ver
Quando seu contrato não foi renovado no hospital de Viena, Semmelweis retornou à Hungria, sua terra natal, onde assumiu o cargo de médico honorário, cadeira de pouco prestígio e não remunerada na enfermaria obstétrica do pequeno Hospital Szent Rókus, em Budapeste.
No local e também na maternidade da Universidade de Budapeste, onde mais tarde ele deu aulas, a propagação da febre puerperal era desenfreada, até que Semmelweis praticamente a eliminou.
Mas nem a crítica contra sua teoria nem a raiva de Semmelweis contra a falta de boa vontade de seus colegas em adotar seus métodos de lavar as mãos diminuíram.
Seu comportamento se tornou irregular. A partir de 1861, ele começou a sofrer de depressão severa. E sempre voltava à questão da febre puerperal.
Um dia, um colega o levou para um asilo de doentes mentais em Viena, sob o pretexto de que eles visitariam um novo instituto médico.
Quando Semmelweis percebeu o que estava acontecendo e tentou sair, os guardas o espancaram severamente, vestiram-lhe uma camisa de força e o colocaram em uma cela escura.
Duas semanas depois, ele morreu devido a um ferimento na mão direita que gangrenou. Semmelweis tinha apenas 47 anos.
Infelizmente, ele não teve papel nas mudanças que seriam realizadas pelos pioneiros antes da teoria dos germes, como Louis Pasteur, Joseph Lister e Robert Koch.