Durante o período Cretáceo, os dinossauros eram infestados por “piolhos”, parecidos com parasitas que dão coceiras nos animais de hoje em dia.
Mais de 100 milhões de anos depois que esses animais sofreram com as pestes, pesquisadores da China encontraram os fósseis dos insetos pré-históricos pela primeira vez, preservados em âmbar, junto a penas de dinossauros.
“A preservação em âmbar [um tipo de resina fossilizada] é extremamente boa, tão ótima que é quase como se os insetos ainda estivessem vivos”, afirmou o paleontologista Chungkun Shih, coautor da descoberta, segundo o Smithsonian.
Um artigo sobre a pesquisa foi publicado no periódico Nature Communications.
Os pesquisadores passaram dois anos analisando penas preservadas em peças de âmbar encontradas na província Kachin, no norte de Mianmar.
Eles procuravam evidências de que as penas preservadas na resina não fossem de aves modernas, mas de dinossauros.
Mas foi só com a ajuda do pesquisador Xing Xu, especializado em estruturas fossilizadas, que a equipe provou que as plumas eram dos animais pré-históricos. A descoberta ficou ainda mais interessante quando eles notaram a presença de “piolhos” grudados nas penas.
Segundo os pesquisadores, 10 insetos da espécie Mesophthirus engeli com cerca de 0,2 milímetros foram encontrados nas plumas.
“Uma das duas penas é consistente com as encontradas ao lado de um fragmento de cauda de dinossauro birmanês, enquanto a outra parece mais semelhante àquelas encontradas ao lado de pássaros com dentes primitivos”, explicou o paleontólogo Ryan McKellar, que não esteve envolvido no estudo, ao Smithsonian.
Os pesquisadores também fizeram uma análise nos parasitas para entender como eles evoluíram ao longo dos anos e constataram que elas sempre estiveram presentes “Durante a história da humanidade, pulgas causaram a peste negra e até hoje nós somos afetados por parasitas mastigadores e chupadores de sangue”, comentou Shih.
Não é fácil encontrar informações sobre insetos pré-históricos, pois a preservação desses organismos é muito difícil.
Durante cinco anos estudando amostras de âmbar, apenas duas peças continham insetos semelhantes aos piolhos. Para Shih, buscar esses fósseis “é quase como um jogo de loteria, onde você ganha de vez em quando. E tivemos sorte”.
Por isso, McKellar acredita que o novo estudo ajudará os pesquisadores a terem insights sobre o assunto. “[Essa descoberta] é uma adição interessante ao crescente registro de parasitas, como carrapatos e ácaros, que foram associados a penas do Cretáceo”, comentou.
Fonte:
[Ciência]