Astrônomos lidam com coisas anormais no dia a dia. Tão anormais que, quando finalmente aparece uma coisa normal no céu, a dita cuja rende o artigo científico mais legal da semana.
É o caso de NGC1052-DF2, uma pequena galáxia localizada a 65 milhões de anos-luz de nós. O que a torna normal é que ela é feita de estrelas, planetas, satélites, um buraco negro ou uma estrela de nêutrons aqui e ali… e só. Todos os objetos que a compõem podem, em tese, ser observados por um telescópio.
Mas por que diabos isso é notável? Bem, porque 85% de toda a matéria que existe no Universo não pode ser observada por um telescópio. Sério mesmo. E que fique bem claro:
não é porque a gente esteja apontando esse telescópio para o lado errado, ou porque ele não tenha lentes boas o suficiente. Mas porque essa enorme quantidade de massa é de fato invisível.
Ela não interage com a matéria normal. Ela não emite radiação detectável nem reflete a radiação que a atinge. Inclusive, pode ser que haja uma porçãozinha dessa matéria flutuando diante do seu nariz nesse exato momento. Não vai fazer diferença. Não é à toa que os físicos apelidaram esses 85% de “matéria escura”.
O que leva a outra pergunta: se uma parcela razoável de tudo que existe no Universo não cheira, nem fede (nem, para todos os efeitos, existe), então como é que a gente sabe que essa parcela está lá?
Simples: gravidade.
A dança dos satélites em torno dos planetas, e dos planetas em torno das estrelas, e das estrelas em torno do núcleo da galáxia, obedece a equações muito bem estabelecidas, que conhecemos desde Newton, e passamos a conhecer com mais precisão graças a Einstein.
Essas equações já foram postas a prova tantas vezes que sabemos que elas estão certas com o mesmo grau de certeza que sabemos que você vai morrer um dia.
Fonte: SuperInteressante
Referências:
https://www.nature.com/articles/doi:10.1038/nature25676