Fantasmas, casas mal-assombradas, demônios possuidores de corpos. Há quem diga que isso não passa de ficção, de histórias para assustar crianças ou coisa de filme.
Mas há gente que jura que estas coisas existem e que já viu, ou ouviu, acontecer um contato com estes seres. Se os fantasmas e outras coisas do gênero não são reais, por que tantas pessoas têm tanta certeza de que as viram?
A resposta pode estar na própria mente humana. Nosso cérebro adora pregar peças em nós mesmos, nos fazendo acreditar em coisas que não estão realmente lá.
Há uma explicação científica para quase todas as coisas estranhas que alguém já viu – e algumas delas são às vezes mais impressionantes do que os mitos.
O Placebo de Henri IV – Como funcionam os exorcismos
Durante anos, as pessoas interpretaram males como a esquizofrenia, a epilepsia e uma infinidade de outros problemas mentais como casos de possessão demoníaca.
Mas se esse é o caso, como explicar os exorcismos? Se todas essas pessoas possuídas eram apenas esquizofrênicas, por que sacerdotes falando palavras em latim eram capazes de curá-las?
Parece que a resposta também está na mente humana. No final do século 16, o rei Henri IV contratou uma comissão de pessoas para fazer uma experiência com uma mulher que afirmava estar possuída por demônios.
Disseram a ela que eram padres que lhe dariam um exorcismo. Então os sacerdotes fingiram – e funcionou.
Primeiro, eles lhe deram água benta de uma igreja. Eles colocaram em um frasco normal e deram a ela, fingindo que era apenas água normal. A verdadeira água benta não teve efeito sobre ela.
Mas quando eles derramaram água comum sobre a mulher e lhe disseram que era água benta da igreja, a mulher convulsionou de dor.
Então eles colocaram um pedaço de ferro nela e disseram que era uma relíquia da verdadeira cruz. Ela começou a rolar no chão em agonia.
Eles também leram um livro em latim e fingiram que era a Bíblia. Mais uma vez, eles fizeram com que ela surtasse, mesmo que eles estivessem lendo a Eneida de Virgil.
A mulher não estava necessariamente fingindo suas reações. Estava tudo em sua mente. E quase qualquer um pode estar convencido de que esse tipo de coisa está causando algum efeito sobre si.
Mais recentemente, um grupo de psicólogos sentou-se com os céticos e tentou convencê-los de que a possessão demoníaca era real.
No final, 18% dos participantes não apenas acreditavam em demônios, mas estavam convencidos de que haviam sido possuídos.
O efeito Forer – Por que as pessoas acreditam em seus horóscopos
Um homem chamado Michael Gauquelin uma vez publicou um anúncio que oferecia uma análise individual e gratuita da personalidade de qualquer pessoa baseada apenas em seu signo astrológico.
Tudo o que você tinha que fazer era enviar sua data de nascimento, e ele retornaria uma análise completa da pessoa que você realmente era. Inacreditavelmente, 94% das pessoas que se inscreveram disseram que ele as descreveu perfeitamente.
O curioso é que Gauquelin enviou exatamente a mesma análise para todas as pessoas que entraram em contato. Seus insights sobre personalidades não eram realmente baseados em seus horóscopos.
Ele usou apenas algumas linhas vagas e genéricas, e foi o suficiente para impressionar quase todos que escreveram.
A disposição da mente humana para acreditar que dois eventos não relacionados estão relacionados é chamada de “efeito Forer”. O nome vem de Bertram R. Forer, um psicólogo que conduziu um experimento semelhante.
Em 1948, Forer deu um teste de personalidade para cada um de seus alunos. Ele disse a eles que cada um receberia uma análise de personalidade única, baseada nos resultados do teste, e deveria classificar esta análise em uma escala de 0 (muito ruim) a 5 (excelente), medindo quão bem ela se aplicava a eles.
Na realidade, cada aluno recebeu exatamente a mesma análise. Em média, a classificação que eles deram para essa mesma análise genérica foi de 4,26 em 5 (ou seja, os alunos consideraram sua análise “pessoal” como 85% precisa).
A análise de personalidade dizia coisas como: “Você tem uma grande necessidade de que outras pessoas gostem e admirem você” e “Disciplinado e autocontrolado por fora, você tende a ser preocupado e inseguro por dentro”.
O Paradigma da Falsa Fama – Por que as pessoas acreditam em vidas passadas
A razão pela qual algumas pessoas estão convencidas de que podem lembrar-se de ser Joana d’Arc ou de um antigo trabalhador egípcio pode ser algo incrivelmente simples: elas só têm memórias bem ruins.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Maastricht, na Holanda, aplicou um teste chamado “paradigma da falsa fama” a um grupo de pessoas que estavam convencidas de que podiam se lembrar de suas vidas passadas.
Os participantes precisavam ler uma lista de nomes inventados. Então, no dia seguinte, eles leram uma nova lista com uma mistura de nomes de pessoas famosas e os nomes que tinham lido anteriormente. ]
As pessoas que acreditavam poder lembrar-se de vidas passadas insistiam que esses nomes inventados eram apelidos de celebridades famosas.
Em outras palavras, as lembranças desses participantes foram facilmente confundidas. Quando eles não conseguiam se lembrar de onde tinham visto um nome que parecia familiar, seus cérebros inventavam histórias para explicar quem eram essas pessoas falsas. Acredita-se que a mesma coisa aconteça quando eles inventam histórias sobre vidas passadas.
A Experiência do Sentimento de Presença – Por que as pessoas sentem as más presenças?
Aqui está um bom exemplo de uma experiência estranha com resultados ainda mais estranhos. Um grupo de cientistas vendou algumas pessoas e colocou-as entre dois robôs.
Os dedos das pessoas estavam presos ao robô na frente delas. As máquinas eram montadas de modo que sempre que os humanos moviam as mãos, os robôs atrás delas imitavam seus movimentos.
No começo, a experiência não teve muitos resultados. As pessoas mexiam seus dedos e sentiam um dedo de robô batendo da mesma maneira em suas costas, mas isso não os assustou.
Algo realmente estranho aconteceu, no entanto, quando os pesquisadores adicionaram um atraso ao sistema. Quando fizeram o dedo do robô esperar meio segundo antes de copiar os movimentos humanos nas costas da pessoa, a pessoa começou a sentir que havia uma estranha presença atrás de si.
Alguns até se sentiram cercados por pessoas invisíveis, e alguns ficaram tão assustados que pediram para deixar o experimento.
Os pesquisadores acreditam que isso aconteceu porque eles quebraram o senso de controle dos participantes. Quando eles adicionaram o atraso, as pessoas não se sentiam mais responsáveis pelos movimentos.
Em nossos cérebros assustados, essa incapacidade de ter o controle dos nossos movimentos nos faz sentir como se houvesse uma presença estranha por perto.
Os pesquisadores acham que isso é o que acontece com pessoas esquizofrênicas e com pessoas que estão sob extremo estresse ou exaustão.
Elas perdem a capacidade de rastrear os elos entre suas mentes e seus movimentos, e isso os faz sentir como se alguém estivesse na sala.
O experimento de identificação do alvo – Por que as pessoas têm experiências fora do corpo?
Há muitos relatos na medicina de pessoas que tiveram uma experiência fora do corpo – aquela sensação estranha de que você está flutuando acima de você mesmo, olhando para baixo.
É especialmente comum durante uma experiência de quase morte. Mas isso está realmente acontecendo, ou está tudo apenas em nossas imaginações?
Para descobrir, um grupo de pesquisadores escreveu uma mensagem em um cartão e colocou-a em cima de uma máquina em um quarto de hospital.
Então, sempre que um paciente era liberado e deixava o quarto, eles perguntavam a essa pessoa se ela tinha tido uma experiência fora do corpo e, em caso afirmativo, o que o cartão dizia.
Três pessoas relataram que tiveram experiências fora do corpo, mas nenhuma delas viu o cartão.
O estranho é que as pessoas não estão fingindo essas coisas. Outro grupo recebeu uma mulher que alegou ser capaz de ter “viagens astrais” fora do corpo à vontade.
Eles a conectaram a uma máquina para estudar sua atividade cerebral e pediram que ela deixasse seu corpo para ver como isso afetava seu cérebro.
Seu córtex visual foi quase completamente desativado, e as partes do cérebro associadas a imagens mentais surgiram – o que significa que ela não estava exatamente mentindo.
Ela realmente começou a se ver do lado de fora de seu corpo. Mas, com base em suas ondas cerebrais, seu poder real não era a capacidade de fazer viagens astrais, mas sim a capacidade de se fazer alucinar à vontade.
O teste do sonho lúcido – Por que as pessoas pensam que foram abduzidas
A razão pela qual tantas pessoas pensam que foram abduzidas por alienígenas durante a noite pode ser muito mais simples do que você imagina. De acordo com um experimento, elas apenas sonharam.
Em um estudo, pesquisadores reuniram um grupo de 20 pessoas que dominavam o sonho lúcido (a capacidade real de controlar seus sonhos) e disseram-lhes para realizar uma experiência enquanto dormiam.
Quando elas tomavam o controle de seus sonhos, elas deveriam procurar por OVNIs.
Dessas pessoas, 35% viram aliens chegando a suas camas e tentando abduzi-las. Tudo o que tinham que fazer era pensar em alienígenas, e seus cérebros associavam isso a uma história de abdução alienígena.
Acredita-se que isso seja provavelmente o que acontece com as pessoas que acreditam que foram abduzidas: elas estão sonhando.
Outra possível razão em muitos casos é que as abduções sejam apenas pessoas que sofrem de paralisia do sono, uma condição ligada à capacidade de ter sonhos lúcidos e que, além de impedir seus movimentos, faz com que você tenha alucinações de que intrusos estão chegando à sua cama.
Algumas centenas de anos atrás, pessoas com paralisia do sono relatavam ter visto demônios católicos atacando-as durante a noite. Hoje, os demônios estão fora de moda, então as pessoas vêem extraterrestres.