Stephen Hawking ainda não está morto. O brilhante físico inglês, que morreu em março desse ano continua a ajudar de forma significativa a humanidade para o entendimento do universo.
Nessa semana foi publicado um estudo no Journal of Hight Energy Physics onde o físico Stephen Hawking e seu colega Thomas Hertog defendem a ideia de que o universo é finito e muito mais simples do que pensamos, como diz o físico:
“Não estamos abaixo de um universo único e singular, mas nossas descobertas implicam uma redução significativa do multiverso, para uma faixa muito menor de universos possíveis.”.
O trabalho publicado por eles, visa trazer uma ideia muito mais simples do universo em vista dos modelos atuais, dizendo que o espaço em si, pode ser composto de vários universos, como se fosse diversas bolhas de sabão separadas por um vazio, mas transcendendo as teorias atuais que problematizam a diferença entre cada universo, quando na realidade eles poderiam ser muito mais simples, sendo todos muito parecidos e contendo as mesmas leis da física, mas com poucas diferenças.
Um exemplo clássico que é citado para simplificar essa ideia, é imaginar o nosso planeta terra em um universo paralelo onde os dinossauros por sua vez não tenham sido extintos.
Na nova teoria, Hawking e Hertog se mostram céticos a teoria do Big Bang. E indo mais a fundo eles criticam uma ideia conhecida como inflação eterna, caindo em contradição com algumas ideias propostas na teoria geral da relatividade de Albert Einstein.
A inflação eterna diz que apesar do universo não estar se expandindo na mesma velocidade em que se deu após o seu início, ele continua a produzir novos universos, com novas galaxias, estrelas, planetas etc… e esse processo se estenderá infinitamente.
Mas os dois físicos tem suas ideias a respeito da inflação eterna. Ao utilizarem a teoria das cordas como conceito, os dois teorizaram que há um ponto em que começa a inflação eterna e nesse ponto ela se encontra em um estado intemporal, ou seja, um estado onde não se aplica há nossa consepção de tempo.
“Quando traçamos a evolução do nosso universo de trás para frente no tempo, chegamos ao limiar da inflação eterna, onde nossa noção familiar de tempo deixa de ter algum significado”, diz Hertog.
Hawking vem criticando a teoria do multiverso a anos. Em uma entrevista dada na Universidade de Crambridge no ano passado, ele disse:
“Eu nunca fui um fã da teoria do multiverso. Se a escala de diferentes universos no multiverso é grande ou infinita, a teoria não pode ser testada”.
Hertog diz que a nova teoria é testável. Segundo ele há uma chance de que ondas gravitacionais primordiais (ondulações no espaço-tempo), possam ser detectadas por um observatório de ondas gravitacionais, como o LISA.
Segundo Hertog, essas ondas poderiam ajudar os físicos a estudar a quantidade de energia que acredita-se estar associada à inflação eterna.
O LISA é um detector de ondas gravitacionais, assim como o LIGO que já está em funcionamento. O LISA tem previsão para ser instalado e estar em funcionamento em 2030.
O processo de construção da teoria
Hertog viajou para Cambridge para trabalhar na teoria com Hawking e no final a comunicação tornou-se muito difícil, disse ele:
“Eu sempre tive a impressão de que ele nunca quis desistir e, de certa forma, esse era Hawking. Ele nunca mostrou nenhum sinal de querer desistir.”
A conclusão deste trabalho se deu 10 dias antes da morte do físico Stephen Hawking, no dia 14 de março.
“Nunca foi dito entre nós que este seria o último artigo. Eu pessoalmente senti que esta poderia ser a conclusão da nossa jornada, mas eu nunca disse a ele. ” Cita Hertog em uma matéria.
“O próprio Stephen disse que esse trabalho era a área da qual ele mais se orgulhava”, disse Malcolm Perry, colega de Hawking na Universidade de Cambridge. No entanto o novo artigo não será o último a levar o seu nome.
Suponha-se que Hawking teria realizado alguns trabalhos com Andrew Strominger em Harvard, e teria também desenvolvido mais dois trabalhos sobre buracos negros que ainda estão sendo preparados para publicação.
Stephen Hawking
Stephen Hawking é conhecido como uma das maiores mentes do século XXI. Aos 21 anos foi diagnosticado com uma doença rara, conhecida como Esclerose Lateral Amiotrófica, uma doença que causa a morte dos neurônios responsáveis pelo controle dos músculos voluntários.
Mas Hawking superou as expectativas da comunidade médica por ter conseguido viver mais de 50 anos com a doença, se tornando a pessoa mais velha diagnosticada com ELA.
Sua obra mais conhecida é o livro best-seller Uma breve história do tempo, onde o físico expõe assuntos complexos da física de maneira simples para o entendimento do público leigo.
Hawking recebeu mais de 20 prêmios, trabalhou nos campos da Relatividade Geral e Gravitação Quântica. Trabalhou em mais de 3 instituições e escreveu uma tese de doutorado a respeito dos Buracos Negros, tendo desenvolvido uma teoria que leva o seu sobrenome chamada de Radiação Hawking.
É doutor em Cosmologia e ocupou a cadeira de Isaac Newton como Professor Lucasiano de Matemática na Universidade de Cambridge. Nasceu em 1942, em Oxford, Inglaterra e morreu no dia 14 de março de 2018.
Após sua morte, recebeu homenagens de pessoas e celebridades do mundo inteiro. Seu funeral ocorreu no dia 31 de março e suas cinzas foram colocadas perto dos túmulos de Isaac Newton e Charles Darwin na Abadia de Westminster, que também é o local de repouso de 17 monarcas entre outras figuras importantes da história britânica.
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