A maior parte das estrelas da Via Láctea são anãs vermelhas. Agora, um novo estudo revelou que essas estrelas são mais ativas e selvagens do que o Sol, o que pode pôr abaixo a possibilidade delas abrigarem vida em seus sistemas planetários.
As anãs vermelhas podem passar bastante tempo calmas e sem muita atividade, mas quando resolvem entrar em erupção, elas podem ser super energéticas. As erupções dessas estrelas podem ser 100 ou até 1000 vezes mais poderosas do que as erupções que acontecem no Sol.
Essas explosões que acontecem na superfície de estrelas são conhecidas como ejeções de massa coronal (CMES) e no caso das anãs vermelhas, podem ser extremamente destrutivas com planetas que a orbitam.
Por serem mais frias, a zona onde pode existir água líquida delas é muito mais próxima. O suficiente para que uma CMES consiga despir o planeta de sua atmosfera e evaporar toda água líquida do planeta. Por causa disso, alguns pesquisadores acreditam que talvez seja improvável que exista vida em planetas que orbitam anãs vermelhas.
Um dos sistemas estelares em que os astrônomos estão mais interessados em procurar por sinais de vida alienígena é o TRAPPIST-1. Ele contém sete planetas com tamanhos parecidos com o da Terra, e pelo menos três deles se encontram na zona habitável da estrela. No entanto, a TRAPPIST-1 é uma anã vermelha, que caso suas explosões sejam muito violentas pode ser improvável que ela abrigue vida.
Basicamente, a possibilidade de vida nesses planetas é considerada pois, apesar de estarem mais próximos de suas respectivas estrelas do que a Terra do Sol, essas anãs vermelhas são menores e, por tanto, mais frias. No entanto, a descoberta dessas tempestades violentas e radioativas pode jogar um balde de água fria em quem esperava alienígenas nesses locais.
Erupções em anãs vermelhas
Para estudar como as erupções de anãs vermelhas funcionam, um grupo internacional, composto por pesquisadores da França, Portugal e Suíça, analisaram dados de 177 anãs vermelhas, que foram coletados entre 2003 e 2020. As observações foram feitas através do High Accuracy Radialspeed Planet Searcher (HARPS), um instrumento de telescópio com 3,6 metros de abertura que está no Observatório de La Silla do European Southern Observatory (ESO).
As anãs vermelhas, e todas as outras estrelas, apresentam um grau de variabilidade. No caso do Sol, o ciclo de atividade dura cerca de 11 anos. Durante esse ciclo, a atividade magnética da estrela varia. À medida que ela aumenta, as explosões solares também aumentam.
Para analisar a variabilidade das anãs vermelhas, os pesquisadores usaram os dados coletados pelo HARPS sobre as emissões da cromosfera das estrelas, impulsionadas pelas explosões estelares. Para isso é necessário que a estrela seja observada individualmente por longos períodos de tempo, no entanto, essas observações são limitadas.
Os cientistas apontam que identificar a variabilidade das anãs vermelhas é apenas um primeiro passo para entender o quão violentas elas podem ser. Eles também acreditam que o ciclo delas podem ser muito mais complexos do que aparentam.
Fonte:
[Vida]
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