Refletir se o café faz bem ou mal para saúde é assunto recorrente entre cientistas, que promovem estudos sobre a bebida há décadas.
Para o epidomologista Giuseppe Grosso, da Universidade da Catania, na Itália, este dilema já tem uma provável resposta. O pesquisador reuniu colegas para reunir os principais estudos envolvendo a bebida e analisar e rever, de forma sistemática, as evidências.
Em artigo publicado na Annual Review of Nutrition, eles contaram o que descobriram. E a notícia é boa para os amantes de café: há mais evidências de que a bebida faz bem à saúde.
Os pesquisadores reuniram 127 grandes análises e cruzaram os dados com outros estudos específicos. A partir da interesecção de dados e conclusões, os pesquisadores criaram relações entre “café” e “saúde” e classificaram as evidências encontradas para aquele determinado aspecto como “convincente” ou “limitada”.
Nenhum dos estudos, segundo Grosso, gerou um “nível convincente” de evidências – algo que pode estar mais ligado à falta de rigor de alguns padrões de análise, incluindo efeito placebo.
Mas há vários estudos que evidenciam que tomar café está associado a um menor risco de câncer – como de mama, colorretal, cólon, endométrio e próstata.
A redução de risco varia entre 2% a 20% dependendo do tipo de câncer. Também foram encontradas evidências fortes de que café reduz em 5% a chance de doenças cardiovasculares e cerca de 30% diabetes tipo 2 e doença de Parkinson.
A ingestão regular da bebida também estaria associada a uma menor taxa de morte de qualquer doença.
As conclusões vão de encontro ao que um enorme estudo realizado sobre o tema – em termos de amostragem – apontou.
Segundo o epidemiologista e coordenador do estudo, Marc Gunter, os dados mostraram que as pessoas que tomam café têm o fígado e sistemas circulatórios mais saudáveis, como menores níveis de inflamações gerais.
Gunter trabalha na agência internacional de pesquisa sobre câncer de Lyon, na França.
De forma geral, o estudo apontou que “alto nível de consumo de café foi associado a uma redução no risco de morte de qualquer doença”, incluindo doenças circulatórias e digestivas.
Segundo a pesquisa, o alto nível de consumo é a ingestão de dois a três xícaras por dia. O estudo foi estruturado para ser o maior já realizado sobre os efeitos do café. Pesquisadores acompanharam 500 mil pessoas em 10 países europeus ao longo de dezesseis anos.
Faz mal para alguém?
Segundo o Washington Post, as evidências reunidas por Giuseppe Grosso mostram que há um grupo que precisa tomar cuidado com a ingestão da bebida: o das mulheres grávidas.
Alguns estudos apontaram uma relação entre a ingestão da bebida e o aumento do risco de aborto espontâneo. Grosso afirma que os fetos não possuem a enzima necessária para metabolizar a cafeína e acumulam a substância quando a mãe bebe café.
As pesquisas sobre o real efeito disso ainda são incertas, segundo o pesquisador. De toda forma, recomenda-se que mulheres grávidas larguem o café ou limitem a ingestão de forma drástica durante a gestação.
Fonte:
https://epocanegocios.globo.com/