Esqueça sabres leves. Pesquisadores da Terra inventaram algo muito mais chamativo: uma tela 3D semelhante a Star Wars que projeta simultaneamente vídeo, som e até a sensação do toque.
Os novos monitores não podem criar hologramas tão complexos quanto o famoso pedido de socorro da princesa Leia. Porém, com outras melhorias, eles poderiam transformar a realidade virtual, fornecendo aos usuários uma experiência multissensorial sem fones de ouvido ou outros equipamentos pesados.
“Eles fizeram um trabalho incrível com isso”, diz Asier Marzo, cientista da computação da Universidade de Navarra em Pamplona, Espanha, que não estava envolvido no trabalho.
Versões futuras podem dar aos médicos visualizações 3D de tumores dentro do corpo ou fornecer aos soldados uma descrição precisa do que está por vir. “Ele tem o potencial de revolucionar o ecossistema de exibição”, diz Marzo.
Já existem muitas maneiras de criar filmes em 3D, incluindo fones de ouvido que projetam uma sequência de imagens ligeiramente diferentes para os nossos dois olhos, para nos levar a experimentar a sensação de profundidade.
Uma alternativa mais nova e menos complicada projeta luz laser em uma tela vibratória, dando aos espectadores a impressão de ver uma imagem 3D em movimento. Mas não pode projetar som.
E se os espectadores tentarem tocar nas imagens, eles poderão acabar com queimaduras desagradáveis da luz do laser.
Esta técnica consiste na projeção de luz sobre uma pequena “bolinha” de plástico, que se move rapidamente em um espaço do tamanho de uma xícara de café.
Essa “bolinha” é movimentada pelos cientistas através de ondas ultra-sônicas.
Assim como as ondas sonoras, essas ondas também comprimem e descomprimem o ar ao redor delas durante a transmissão, criando regiões de baixa e de alta pressão.
Então, quando diversas ondas de ultra-som convergem para o mesmo ponto, elas criam uma espécie de “armadilha” de baixa pressão que “prende” a bolinha e a deixa suspensa no ar.
Assim, com o uso de diversos alto-falantes controlados por computador ao redor dessa “bolinha”, os cientistas conseguem fazer com que ela continue se movimentando a velocidades de 9m/s (cerca de 32 km/h).
Então, com o uso de diodos de luz vermelha, verde e azul, os especialistas emitem luminosidade nesse sistema, de modo que os únicos feixes de luz que são vistos pelo olho humano são aqueles que refletem na “bolinha”.
E, como todo esse processo ocorre numa velocidade maior do que o olho humano consegue perceber, passa-se a impressão de que há uma imagem 3D em movimento.
Esse experimento foi publicado em agosto na Applied Physics Letters, e foi a base para o trabalho da equipe de Sriram Subramanian em Sussex.
Ao invés dos 60 alto-falantes usados no experimento de Marzo, a equipe de Subramanian utilizou 512 falantes, agrupados em torno da “bolinha”, que tinha um espaço do tamanho de uma torradeira para se movimentar.
Esse sistema consegue fazer com que a bolinha se movimente dez vezes mais rápido do que no experimento original, o que tornava a taxa de atualização da imagem muito mais rápida, e permite a transmissão de imagens mais complexas em movimento, como uma transmissão do movimento de rotação da Terra ou de borboletas voando.
E, de acordo com Marzo, esse rápido progresso na melhoria da tecnologia deve continuar se repetindo e, em poucos anos, já poderemos ter transmissões holográficas de humanos iguais às vistas nos filmes de ficção científica.