Cientistas usam supercomputador da IBM para criar vida quântica
Perguntas sobre a possibilidade de usar mecânica quântica para explicar a vida e algoritmos para codificá-la têm intrigado cientistas há anos.
Um novo artigo, publicado no periódico Scientific Reports, da revista Nature, nos deixa um passo mais perto de respondê-las, graças às pesquisas feitas com um supercomputador quântico da IBM.
Um algoritmo quântico recém-criado foi usado para mostrar que os computadores quânticos podem realmente imitar alguns dos padrões da biologia no mundo real.
O feito foi alcançado codificando comportamentos relacionados à autorreplicação, mutação, interação entre indivíduos e morte.
O modelo utilizado ainda é um protótipo, mas abre as portas para nos aprofundarmos na relação entre mecânica quântica e a origem da vida.
Os princípios da física quântica podem até mesmo estar envolvidos na formação do nosso código genético.
Vida artificial
Criar vida artificial em computadores tem sido o objetivo de cientistas por muito tempo. No entanto, eles normalmente abordam essa questão com um viés newtoniano, “passo a passo, com progressões lógicas”, explica o repórter David Nield em sua matéria no portal Science Alert.
Devido a fenômenos estranhos que acontecem nos níveis macro e micro, sabemos que o mundo real tem um pouco de quântica na receita.
Assim, a nova pesquisa busca acrescentar essa mesma imprevisibilidade às simulações, que não são mais feitas exclusivamente de 1s e 0s próprios do sistema binário.
“O objetivo do modelo proposto é reproduzir os processos característicos da evolução darwiniana, adaptados à linguagem dos algoritmos quânticos e à computação quântica”, escrevem os pesquisadores da Universidade do País Basco, na Espanha.
O modelo
Com o computador quântico IBM QX4, os pesquisadores codificaram unidades de vida quântica compostas de dois qubits (os blocos básicos da física quântica): um para representar o genótipo (o código genético transmitido entre gerações) e um para representar o fenótipo (manifestação externa desse código ou o “corpo”).
Esses qubits foram programados para se reproduzir, sofrer mutação, evoluir e morrer, em parte usando o entrelaçamento quântico – assim como qualquer ser vivo real faria.
Mudanças aleatórias foram introduzidas através de rotações do estado quântico para simular mutação, por exemplo.
Esses cálculos quânticos combinaram com modelos teóricos que a equipe havia criado em 2015.
Ainda que estejamos longe de ter as respostas para o sentido da vida, do Universo e tudo mais, experimentos como esse podem nos deixar um pouco mais perto dessa meta.
Deixe um comentário