Já se sabe que as aranhas são grandes especialistas em construção. Elas são capazes de produzir fios de seda e transformá-los em impressionantes e complexas teias.
Mas agora é como se elas tivessem sido associadas a outra habilidade: à de composição musical.
É isso mesmo. Em uma das sessões da reunião da Sociedade Americana de Química (ACS, na sigla em inglês), realizada na última segunda-feira (12), cientistas traduziram a estrutura de teias de aranha em sons.
Além de apresentarem uma música inusitada — sob a batuta de animais de oito patas —, os resultados do estudo podem ter aplicações que vão de melhorias na construção de impressoras 3D ao estabelecimento de uma comunicação entre espécies.
As teias são ao mesmo tempo lar e refeitório para esses artrópodes, que pretendem enrolar suas presas ao tecer as fibras de seda.
Quando um pequeno inseto é capturado, a aranha sabe que garantiu sua refeição devido à movimentação da teia.
“Elas vivem em um ambiente de cordas vibrantes”, diz Markus Buehler, principal pesquisador do projeto, em comunicado.
“Não enxergam muito bem, então sentem o mundo por meio de vibrações, que têm diferentes frequências”, completa.
Com o objetivo de entender a construção de teias e melhorar percepções sobre arquitetura 3D, Buehler se juntou a colegas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) para tentar extrair ritmos e melodias de materiais de origem não humana. E conseguiu fazê-lo unindo a audição e a visão.
Ouça os sons neste vídeo:
O primeiro passo foi digitalizar bidimensionalmente as seções transversais de teias com um laser. Em seguida, os cientistas usaram algoritmos para reconstruir, pelo computador, a teia em três dimensões.
Cada fio foi atribuído a variadas frequências sonoras que, combinadas, geravam melodias baseadas na estrutura construída pela aranha.
Foi como se eles tivessem feito um mapa da teia e o transformado em partituras para um instrumento semelhante à harpa.
A equipe também escaneou a teia enquanto ela estava sendo tecida, repetindo o processo de atribuir cada estágio da produção a um som. Segundo Buehler, esse conhecimento pode auxiliar a criação de impressoras 3D “imitadoras de aranhas”, que seriam capazes de construir estruturas eletrônicas complexas.
“A maneira como a aranha ‘imprime’ a teia é extraordinária, porque ela não utiliza nenhum material como suporte, o que é comumente necessário nos atuais métodos de impressão 3D”, comenta o pesquisador.
Assista, no vídeo a seguir, à leitura sonora dos fios da teia de aranha durante sua construção:
Agora, os cientistas pretendem se aprofundar na possibilidade de estabelecer um contato com as aranhas.
Ao realizar atividades básicas, como construir a teia ou comunicar-se com outras aranhas, esses animais produzem vibrações que foram captadas durante a pesquisa. A próxima etapa é ensinar um algoritmo a identificar essas frequências.
Fonte:
[Biologia]
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