Um cometa recém-descoberto deve aparecer no céu noturno de 2024 tão brilhante quanto uma estrela — ou seja, visível a olho nu. Descoberto por duas equipes independentes, o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) fará sua aproximação máxima do Sol em 13 de outubro do ano que vem.
Em 9 de janeiro, astrônomos do Purple Mountain Observatory, na China, fizeram a primeira observação do cometa, enquanto outra equipe, sem ter conhecimento sobre o trabalho da primeira, encontrou o objeto com o telescópio Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS), na África do Sul.
Com isso, os dois times de astrônomos são reconhecidos no próprio nome do cometa (Tsuchinshan-ATLAS). A partir daí, astrônomos e cientistas cidadãos do mundo inteiro observaram em imagens antigas de vários telescópios, para saber se o cometa estava ali há mais tempo sem que ninguém percebesse.
A busca revelou que a imagem mais antiga do cometa estava entre os dados de uma câmera de campo amplo em um telescópio no Observatório Palomar, na Califórnia, em 12 de dezembro de 2022.
Enquanto o objeto viaja rumo ao Sol a mais de 290 mil km/h, as estimativas dos astrônomos sugerem que ele pode ganhar uma magnitude de -0,2, ou seja, terá brilho semelhante ao das estrelas mais brilhantes do céu.
Melhor ainda, à medida que o gelo e a poeira formam o coma (a nuvem de detritos ao redor do núcleo), a dispersão da luz solar através dos cristais de gelo na parte frontal do cometa pode formar um reflexo, aumentando seu brilho em nossa direção e potencialmente levando o corpo celeste à magnitude -5 (o mesmo brilho de Vênus, o objeto mais luminoso do céu noturno depois a Lua).
Por outro lado, cometas sempre podem surpreender qualquer expectativa dos cientistas. Alguns com maiores chances de serem visíveis a olho nu acabam se partindo à medida que se aproximam do Sol, devido à incidência de calor em suas superfícies geladas. Outros podem acabar surpreendendo com um espetáculo maior do que o previsto.
Segundo outras análises, o “A3” completa uma órbita ao redor do Sol a cada 80.660 anos — ou seja, esta é a primeira e (talvez) única oportunidade que a humanidade terá para observá-lo. Por enquanto, o C/2023 A3 está bem longe, entre Saturno e Júpiter, mas, ao se aproximar da Terra, ficará entre nossa estrela e o planeta.
Infelizmente, isso dificulta a observação, pois o A3 deverá acompanhar o Sol no trajeto pelo nosso céu noturno. Enquanto a aproximação não ocorre, os astrônomos acompanharão para refinar seus cálculos e para saber se o cometa permanecerá inteiro antes de voltar para o lugar de onde veio.
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