Os cientistas disseram que podem ter descoberto a forma de como o universo vai acabar. Pode não ser um colapso cósmico, mas sim uma gigantesca bolha cósmica que devorará tudo que estiver em seu caminho.
De acordo com um artigo recente, publicado em 12 de março na revista Physical Review D, o momento final para o universo será desencadeado por uma consequência bizarra da física subatômica chamada de ”instanton”.
Este instanton poderia criar uma bolha que se expandiria na velocidade da luz, engolindo tudo em seu caminho. E isso poderia ser apenas uma questão de tempo.
“Em algum momento, você criará uma dessas bolhas”, disse Anders Andreassen, físico-chefe do estudo na Universidade de Harvard, à Live Science. “Vai ser muito desagradável.”
Por “desagradável”, ele quer dizer que isso seria o fim de toda a vida – e, na verdade, da química – como a conhecemos.
Muito pouco se sabe sobre os instantons, que são as soluções para as equações que governam o movimento das partículas subatômicas, mas Andreassen as comparou com o fenômeno do tunelamento quântico, em que uma partícula aparentemente desafia a física ao passar por uma barreira sólida.
Mas em vez de atravessar uma barreira, o instanton forma uma bolha dentro do campo de Higgs, o campo que dá massa a tudo, e claro, também deu origem ao bóson de Higgs.
Curiosamente, essa bolha que provavelmente terminará com o universo nunca teria sido possível se não fosse pela massa particular do bóson de Higgs em relação a outra partícula mais pesada, chamada de quark top, que compreende muitos átomos.
Se o quark ou a partícula de Higgs fossem um pouco mais leves, essa bolha destruidora do universo não poderiam se formar.
Infelizmente, esse não é o caso e, depois de algum tempo, uma bolha destrutiva se formará. A equipe calculou a vida útil do universo entre 10 e 15 quinquadraguintilhões de anos (1 seguido de 139 zeros) e meros 10 octodecilhões de anos (1 seguido de 58 zeros).
“Isso é muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito tempo”, disse Andreassen. “Nosso Sol vai queimar e muitas coisas vão acontecer em nosso sistema solar antes que isso seja provável para acontecer.”
Data de validade do universo.
É como o leite na sua geladeira. A data de validade é o prazo mais cedo possível, mas é possível que você o beba depois disso sem nenhum problema.
Claro, há sempre a chance de que algo tenha dado errado na processo de engarrafamento, e que já pode estar azedo assim que você comprá-lo.
Da mesma forma, Andreassen disse que é possível que uma bolha já tenha se formado e esteja se aproximando de nós na velocidade da luz nesse exato momento.
Há conforto em saber como tudo termina, mas Vincenzo Branchina, professor de física e pesquisador da Universidade de Catania, na Itália, que não esteve envolvido no estudo, nos disse para ”não chorar pelo leite derramado”.
Branchina disse que a equipe de Harvard representa apenas os dados do modelo padrão da física e não todos os novos e confusos ramos, como a gravidade quântica e a matéria escura, que ainda são pouco compreendidos.
Para que o universo seja consumido em uma esfera de caos em expansão, a matéria escura, a forma de matéria que exerce uma atração gravitacional, mas não emite ou interage com a luz, não pode interferir. O que é bem improvável, já que ela representa mais de 80% do nosso universo.
Da mesma forma, Branchina diz que a gravidade quântica – uma parte bizarra da física que tenta reconciliar a mecânica quântica e a teoria da relatividade geral de Einstein, que mal conseguimos vislumbrar – poderia tornar o universo muito mais estável ou instável, dependendo de suas regras.
Ele disse que, como ninguém entendeu ainda essa nova física, não podemos saber nada sobre o fim do universo.
Andreassen concordou.
“Eu não colocaria meu dinheiro no fim dessa história. Eu esperaria que a matéria escura entrasse e mudasseo rumo dessa história”, disse Andreassen.