Com efeitos medicinais e recreativos semelhantes aos da Cannabis sativa, uma planta hepática comum nativa de países como Nova Zelândia, Costa Rica e Japão está despertando o interesse da comunidade científica.
Trata-se do gênero Radula, subdivisão da família Radulaceae – com cerca de 300 espécies descritas. Em algumas delas, como a Radula marginata, a Radula laxiramea e a Radula perrottetii, já foi comprovada a presença de psicoativos.
Um estudo publicado na semana passada pelo periódico Science Advances busca explicar melhor as possibilidades da planta.
Cientistas das universidades de Berna e de Zurique, ambas na Suíça, analisaram os efeitos de uma substância isolada da radula em camundongos.
A conclusão geral foi de que, embora a planta não seja do gênero Cannabis, ela também pode ser considerada um canabinoide “moderadamente potente, mas eficaz” – usando aqui exatamente a expressão do artigo publicado pelos pesquisadores.
“Radula contém perrotinolene, uma variante do THC psicoativa, com efeitos semelhantes”, explicou à BBC News Brasil o bioquímico Jürg Gertsch, professor da Universidade de Berna e um dos autores do estudo.
THC, ou tetraidrocanabinol, é a principal substância psicoativa encontrada nas plantas do gênero Cannabis.
“(Em comparação com a maconha,) eles diferem em termos de potência e, possivelmente, efeitos adversos”, completa o cientista, ressaltando que, em laboratório, os testes foram feitos com o perrotinolene de forma isolada.
“Nós não testamos os efeitos da própria planta – podemos esperar que o conteúdo de perrotinolene varie entre amostras diferentes.”
Uso recreativo já vem sendo identificado
Os cientistas explicam que a ideia da pesquisa surgiu porque o uso recreativo da planta vem sendo observado de forma pequena, mas crescente.
“Até o momento, as espécies vegetais de radula, contendo esta variante de THC, são legais em todo o mundo”, frisa o bioquímico.
Obviamente, muito mais do que uso recreativo, os cientistas querem entender como as substâncias da radula agem no organismo para vislumbrar aplicações terapêuticas.
“Provavelmente, os efeitos recreativos são menos fortes (do que os proporcionados pela Cannabis). Mas a radula pode oferecer uma oportunidade maior de aplicações medicinais”, vislumbra.
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Fonte:
https://g1.globo.com/bemestar/
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