Uma equipe de astrônomos descobriu o objeto transnetuniano mais extremo nos limites externos do Sistema Solar. Chamado de “Farout”, o objeto tem uma distância 120 vezes maior que o percurso entre o Sol e a Terra.
O recém-descoberto objeto foi anunciado nesta segunda-feira (17) pelo Centro de Pequenos Planetas do International Astronomical Union.
Ainda serão necessários muitos anos de observação para poder caracterizar completamente o objeto e sua órbita, mas o IAU já o inseriu em sua base de dados com o nome provisório 2018 VG18, juntamente com suas coordenadas e notas observacionais.
Farout, como foi apelidado, foi descoberto pelo astrônomo Scott S. Sheppard, do Instituto de Ciência de Carnegie, e seus colegas da Universidade do Havaí e da Universidade do Norte do Arizona.
O Farout foi observado por astrônomos pela primeira vez em 10 de novembro de 2018, usando o telescópio japonês Subaru, que conta com uma lente de 8 metros e fica localizado no topo do Mauna Kea, no Havaí.
O objeto, então, foi novamente observado no início de dezembro com o telescópio Magellan, no observatório Las Campanas, no Chile.
Estas múltiplas observações, além de confirmarem o objeto, foram usadas para estabelecer seu caminho através do céu noturno, bem como seu tamanho, brilho e cor.
Este objeto extremo transnetuniano está a cerca de 120 UA (unidades astronômicas; ou AU, na sigla em inglês) da Terra, com 1 UA sendo a distância média entre a Terra e o Sol (cerca de 149 milhões de quilômetros).
Farout é tão longe que a luz do Sol leva 16 horas e 40 minutos para viajar uma distância de 18 bilhões de quilômetros.
“2018 VG18 é o primeiro objeto encontrado além dos 100 UA em nosso Sistema Solar”, disse Sheppard ao Gizmodo. “Ele se mexe tão devagar, que levará anos para ver movimento o suficiente para podermos determinar a órbita deste objeto ao redor do Sol.”
Sheppard e seus colegas não se surpreenderiam se um ano de Farout dure mais de 1.000 anos na Terra.
Em comparação, Plutão tem uma distância de 34 UA do Sol, então Farout é 3,5 mais distante. Outros objetos extremos transnetunianos incluem Eris (com 96 UA) e Goblin, que foi descoberto no início deste ano, com 90 UA.
Os astrônomos ainda não sabem muito sobre as características físicas do Farout, pois seu sinal é muito fraco.
“Baseado no seu brilho e distância, é provável que ele tenha entre 500 e 600 km de diâmetro. Com este tamanho, a gravidade dominará qualquer força material que o objeto possa ter e, portanto, deve ter uma forma esférica”, afirmou Sheppard. “Isso o classificaria como um planeta anão.
A cor do objeto é entre rosada e vermelha, o que sugere que ele tenha uma superfície gelada. O gelo geralmente adquire este tom avermelhado após ser irradiado por longos períodos de tempo radiação solar.”
Enquanto estamos começando a entender as bordas do Sistema Solar, descobertas como essa mostram que ainda existem muitos mundos por aí para serem encontrados.
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