Doenças antigas ressurgem devido ao degelo do Ártico e ameaçam o mundo
Seres humanos, bactérias e vírus têm coexistido ao longo da história. Da peste bubônica à varíola, nós evoluímos para resistir a eles, e em resposta eles desenvolveram novas maneiras de nos infectar.
Já faz mais de um século que temos os antibióticos, desde que Alexander Fleming descobriu a penicilina. Mas as bactérias não deixaram por menos:
elas responderam evoluindo sua resistência aos antibióticos. A batalha parece sem fim: nós passamos tanto tempo com patógenos, que às vezes desenvolvemos um tipo de impasse natural.
No entanto, o que aconteceria se nós, de repente, ficássemos expostos a bactérias e vírus mortais que ficaram ausentes por milhares de anos – ou então que nunca vimos antes?
Desde 2012 o Ártico coloca em evidência alguns dos sintomas mais alarmantes do aquecimento global. Em meio à tundra siberiana, é possível observar um imenso buraco com falésias da altura de um edifício desmoronadas.
O gelo derretido trouxe à luz restos fósseis de mamutes e outros animais do Pleistoceno. Mas isso não é tudo: está acontecendo também uma liberação de venenos e doenças.
O chamado permafrost, ou seja, a camada de terra e gelo que até hoje esteve sempre congelada, está derretendo e, com isso, vírus de doenças antigas estão vindo à tona, assim como mercúrio tóxico.
O fenômeno foi descrito por cientistas como uma “bomba de carbono”. Soma-se a isso o dado alarmante que o Ártico está esquentando duas vezes mais rápido que o resto do mundo.
O degelo do Ártico no Alasca mudou a paisagem do local, que hoje é vista como uma espécie de queijo suíço, mesclando porções de terra com lagos formados pelo derretimento do gelo.
Famílias de pastores nômades e animais começaram a adoecer e morrer por antraz, cujo último surto havia sido detectado há 75 anos. Dados apontam que doenças como a gripe espanhola e a varíola podem estar congeladas no permafrost.
Quanto nós deveríamos nos preocupar com isso?
Uma questão a ser levada em consideração é que o risco dos patógenos de permafrost ainda é desconhecido, então isso não pode nos preocupar demais. Em vez disso, nós deveríamos focar em ameaças mais concretas, como o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Por exemplo, conforme a Terra vai aquecendo, os países do Norte vão se tornando mais suscetíveis a epidemias de doenças “do Sul”, como malária, cólera, dengue, já que esses patógenos sobrevivem em temperaturas mais quentes.
Mas há outra perspectiva também, que seria a de nós não ignorarmos os riscos apenas porque nós não podemos estimá-los.