São Paulo seria tão fria quanto a serra gaúcha. E um ano teria 52 meses, de sete dias cada.
A gente moraria em um planetão, naturalmente. Para ter muita gravidade, tio Newton ensinou, você precisa de muita massa.
Nesse caso, 15,6 mais massa, com a Terra passando das esbeltas 6 sextilhões de toneladas que tem hoje para as jovianas 90 sextilhões de toneladas.
Mas isso não deixaria a circunferência do nosso planeta tão grande assim – ela seria só 2,5 vezes maior. A circunferência de Júpiter, para comparar, é 11 vezes maior que a nossa.
A rochosa Terra não precisaria crescer tanto, enfim, porque é mais densa: cada metro cúbico da Terra tem bem mais massa que cada um do planeta gasoso.
A mudança mais óbvia é tão óbvia que não precisamos nem mencionar (mencionando: você seria 15 vezes mais pesado). Agora vamos às mudanças mais inusitadas.
Uma delas é que o ano teria 52 meses, com sete dias cada um. É que a gravidade extra aceleraria a Lua. O satélite iria girar quatro vezes mais rápido, completando uma volta a cada sete dias.
Como a ideia de mês é baseada no tempo entre duas luas novas, as primeiras civilizações da Terra instituiriam que um anos tem 52 meses.
O clima mudaria bastante também. A gravidade extra achataria a atmosfera a ponto de ela ficar com só 30% da espessura que tem hoje. Na prática, isso traria um frio montanhoso para lugares que hoje são relativamente quentes.
Uma cidade como São Paulo, que fica a 760 metros de altitude, teria o clima equivalente ao de lugares que ficam a quase 2 mil metros, como Campos do Jordão (SP), onde há temperaturas negativas no inverno.
Já as montanhas com mais de 5 mil metros ficariam na estratosfera, onde a temperatura para de diminuir com a altitude, estabilizando-se por volta de 60 graus negativos. O pico do Everest, aliás, roçaria na camada de ozônio.
A atmosfera mais curta também seria mais seca. As nuvens não teriam espaço para crescer a ponto de formar chuva. Pelo menos não na quantidade de hoje.
A evaporação da água do mar geraria nevoeiros, e as gotículas que eles formam seriam nossa única fonte de água doce. Sem água o bastante, é provável que as espécies mais complexas de vida terrestre jamais tivessem surgido – a começar pela nossa.
Mas essa é a melhor das hipóteses. Nas pior, nos adaptaríamos a viver com água de nevoeiro, mas sob a pena de nunca, jamais, se dar ao luxo de ficar de ressaca. Melhor deixar a gravidade de Júpiter por lá mesmo.
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