O surto do 2019-nCoV, um tipo de coronavírus descoberto este ano na China, está causando preocupações globais, e não sem motivo:
enquanto os casos confirmados da doença já alcançaram a marca de 2.744, pesquisadores estimam que os números reais sejam muito mais altos e que a epidemia atinja até 190 mil pessoas em fevereiro.
Exagero? Provavelmente não.
Há cerca de três meses, um cientista dos Estados Unidos fez uma simulação de um surto de coronavírus com alcance de pandemia mundial.
No cenário fictício criado por ele, 65 milhões de pessoas em todo o mundo morreriam da doença em um período de 18 meses.
O caso do vírus originário da cidade chinesa de Wuhan e que se espalha atualmente não é considerado pândemico, mas já atingiu mais de uma dúzia de países.
A simulação foi feita pelo cientista Eric Toner, do Centro Johns Hopkins de Segurança da Saúde, com colaboração do Fórum Econômico Mundial e da Fundação Bill e Melinda Gates.
O pesquisador imaginou um vírus fictício chamado CAPS. O estudo analisou o que aconteceria se uma pandemia de coronavírus se originasse em fazendas de porcos no Brasil.
O vírus fictício seria resistente a qualquer vacina moderna e ofereceria mais letalidade que o SARS (a síndrome respiratória aguda que matou 8 mil pessoas na Ásia no início dos anos 2000). Além disso, ele seria quase tão fácil de pegar quanto a gripe.
O surto começaria aos poucos: primeiro atingiria produtores rurais que apresentariam sintomas parecidos com os da pneumonia ou gripe.
Do Brasil, o vírus logo chegaria a grandes regiões urbanas e pobres da América do Sul. Após seis meses, o vírus se espalharia pelo mundo.
Pouco mais de um ano depois, ele teria matado 65 milhões de pessoas. A pandemia simulada também provocaria uma crise financeira global, com as bolsas de valores tendo quedas de 20% a 40% e o produto interno bruto global despencando em 11%.
Objetivo
O objetivo da simulação era justamente tentar prever (e melhorar) nossa reação a um possível surto de um vírus nunca visto, servindo como uma experiência de aprendizado para detectar nossas falhas a uma resposta pandêmica.
Até agora há cerca de seis mil casos de pacientes infectados e mais de 130 mortes confirmadas do coronavírus na China. Devido aos novos casos, a Organização Mundial de Saúde passou a classificar como “elevado” o risco internacional de contaminação pela doença.
“Ainda não sabemos o quão contagioso ele é”, disse Toner. “A impressão inicial é que ele é significativamente mais brando que o SARS. Então, isso é alentador. Por outro lado, ele pode ser mais facilmente transmissível”, completou o cientista.
Fontes:
[Saúde]