Você já deve ter ouvido a frase “aquilo que não tem solução solucionado está”. O conceito pode se aplicar a muitas coisas na vida, mas não é o tipo de frase que nos vem à mente quando pensamos em ciências exatas como a matemática, certo?
Acontece que teóricos canadenses chegaram a um impasse que nem mesmo a mais moderna inteligência artificial pode resolver.
Uma equipe de cientistas da Universidade de Waterloo, no Canadá, desenvolveu um problema matemático que é simplesmente impossível de ser resolvido — até mesmo por inteligência artificial e aprendizado de máquinas.
Shai Ben-David, cientista de computação que liderou o estudo na instituição canadense, defende que, embora máquinas tenham o potencial quase irrestrito de aprendizado, elas têm limitações, pois um algorítimo não é capaz de resolver um problema cuja resposta é “verdadeiro” ou “falso”, ou seja, indecidível.
O processo da pesquisa consistiu em investigar um problema de aprendizado de máquina chamado de “estimating the maximum” (“estimando o máximo”, em tradução literal para português).
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Nesse tipo de caso, explicam Ben-David e sua equipe, o problema matemático a ser resolvido tem semelhanças com a abordagem de aprendizado provavelmente conhecida como “approximately correct learning” (“aprendizado de correção aproximada”) ou como “hipótese da continuidade”.
Dadas as condições — atípicas para máquinas, vale ponderar — do exemplo de “estimating the maximum” (ou “EMX”), a hipótese é de que o aprendizado da inteligência artificial caia em um mesmo impasse interminável.
Os cientistas usaram um problema de aprendizado de máquina cuja solução depende da hipótese da continuidade. Resumindo, a inteligência artificial mais atual e sofisticada não consegue fugir de suas raízes matemáticas.
O estudo parte do princípio de que nem todas as questões matemáticas podem ser resolvidas, como propôs nos anos 1930 o matemático austríaco Kurt Gödel nos chamados “teoremas da incompletude”.
Ben-David, hoje, propõe que o mesmo se aplica à inteligência artificial. Gödel também é o autor da “hipótese da continuidade”.