Assim como uma cebola, a Terra é dividida e estruturada em várias camadas. Ao analisar as ondas sísmicas do planeta, pesquisadores descobriram que partes do seu núcleo permanecem há bilhões de anos tão quentes quanto a superfície do Sol.
A camada mais externa do globo terrestre é a crosta, que inclui a superfície em que pisamos. Mais abaixo, vem o manto, essencialmente uma rocha sólida. Um pouco mais profundo, está o núcleo externo, que é feito de ferro líquido. Por fim, vem o núcleo interno, feito de ferro sólido, e com um raio que é 70% do tamanho da Lua.
“Quanto mais fundo você mergulha, mais quente fica – partes do núcleo são tão quentes quanto a superfície do Sol”, escreveu Shichun Huang, professor associado de Ciências da Terra e Planetárias na Universidade do Tennessee, nos EUA, em um artigo de sua autoria publicado no site The Conversation.
Segundo Huang, da mesma forma que um médico pode usar uma técnica chamada ultrassonografia para fazer imagens das estruturas internas do nosso seu corpo com ondas de ultrassom, os cientistas usam uma técnica semelhante para visualizar as estruturas internas da Terra. “Mas, em vez de ultrassom, os geocientistas usam ondas sísmicas – ondas sonoras produzidas por terremotos”.
Camada da Terra
A fronteira entre os núcleos externo e interno, a temperatura dobra, chegando a quase perto de 6.000ºC. “Essa é a parte que é tão quente quanto a superfície do Sol”, revelou Huang. “A essa temperatura, praticamente tudo – metais, diamantes, seres humanos – vaporiza-se em gás. Mas como o núcleo está a uma pressão tão alta nas profundezas do planeta, o ferro de que é composto permanece líquido ou sólido”.
Huang explica que isso não pode ser resultado da ação do Sol. “Enquanto nos aquece e a todas as plantas e animais na superfície da Terra, a luz solar não pode penetrar através de quilômetros do interior do planeta”.
Então, de onde vem todo esse calor?
Segundo o professor, existem duas fontes. Uma é o calor que a Terra herdou durante sua formação há 4,5 bilhões de anos. A Terra foi feita a partir da nebulosa solar, uma gigantesca nuvem gasosa, em meio a intermináveis colisões e fusões entre pedaços de rocha e detritos chamados planetesimais. Esse processo levou dezenas de milhões de anos.
Uma enorme quantidade de calor foi produzida durante essas colisões, o suficiente para derreter todo o planeta. Embora parte desse calor tenha sido perdido no espaço, o resto foi trancado dentro da Terra, onde grande parte dele permanece até hoje.
A outra fonte de calor é o decaimento de isótopos radioativos, distribuídos por toda parte no globo.
“Para entender isso, primeiro imagine um elemento como uma família com isótopos como seus membros”, exemplifica Huang. “Cada átomo de um dado elemento tem o mesmo número de prótons, mas diferentes primos isótopos têm números variados de nêutrons”.
Os isótopos radioativos não são estáveis. Eles liberam um fluxo constante de energia que se converte em calor. Potássio-40, tório-232, urânio-235 e urânio-238 são quatro dos isótopos radioativos que mantêm o interior da Terra quente.
Juntamente com o núcleo quente e o manto, esses isótopos liberadores de energia é que fornecem o calor para impulsionar o movimento das placas.
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