Segundo uma startup italiana, estamos chegando muito perto da singularidade tecnológica, uma teoria que prevê o momento em que a inteligência artificial chegue ao ponto de se atualizar tão rapidamente que tudo a partir desse ponto mude para sempre — a velha ideia de que a IA chegará ao mesmo nível que a mente humana e, talvez, até a ultrapasse. Há polêmicas, no entanto, principalmente por conta dos critérios utilizados para classificar esse evento.
Neste caso, o foco está na linguagem. Segundo o CEO da Translated, empresa voltada à tradução por IA, a língua é um aspecto muito natural dos seres humanos, mas, historicamente, seu entendimento é uma grande dificuldade para as máquinas.
Dessa forma, no momento em que a IA conseguisse alcançar ou ultrapassar nossa habilidade de comunicativa e tradutora, chegaria na inteligência artificial geral (IAG), o ponto de singularidade tecnológica que imaginamos.
O que nos aproxima da singularidade tecnológica?
Conforme a análise de dados da companhia, estaríamos a apenas 7 anos da singularidade — bem mais próximos do que se pensava. A conclusão é, talvez, um pouco apressada, especialmente por conta do critério escolhido: “Time to Edit” (tempo para editar, em tradução livre), ou TTE, a média de tempo que leva para que humanos profissionais chequem e corrijam traduções sugeridas por máquinas.
Na Translated, os melhores tradutores levam um segundo por palavra para editar as sugestões da IA. Há 8 anos, em 2015, os mesmos profissionais levavam 3,5 segundos por palavra para a mesma edição, e, em 2022, já haviam evoluído para 2 segundos. O mérito, nesse caso, é das máquinas, que vão sugerindo traduções cada vez mais acuradas, com menos necessidade de correção. A empresa diz que a tendência da IA é continuar melhorando na mesma velocidade.
Controvérsias e nichos
O problema dessa interpretação acerca da evolução da IA é que, bem, o software da Translated é feito para traduzir línguas, então medir a singularidade das máquinas a partir do seu avanço em sua área nichada faz muito sentido internamente — mas ignora a enormidade de funções além dessa que a inteligência artificial abarca, como imagens, textos, aproximações e toda a sorte de coisas, especialmente na indústria.
Além disso, pesquisadores ainda não chegaram a um consenso sobre a IAG, com várias medidas de avanço além da que a Translated usa, que, apesar de válida, é limitada.
Chegar à capacidade humana requer poder de abstração e interpretação de contextos, o que não é campo exclusivo da linguagem, e envolve tantas variáveis que até uma máquina tontearia ao pensar nisso. O tempo de edição é, certamente, uma boa medida, mas não parece tão convincente quando, por si só, promete chegarmos à singularidade tecnológica em 2030.
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