Apenas nos últimos dez anos, os astrônomos descobriram mais de 4.000 exoplanetas até então desconhecidos. Nós, seres humanos, apontamos telescópios para esses mundos, e tentamos decifrar suas condições atmosféricas, superfícies e as possibilidades de abrigarem vida.
Normalmente, vemos apenas a sombra do planeta ao passar na frente de sua estrela, e a visão que temos não é nem um pouco precisa.
Mas e em uma situação inversa? Como será que um astrônomo alienígena de desses planetas enxergariam a Terra, se olhasse para cá?
Mundos distantes
Usando dados de vários comprimentos de onda da Terra, uma equipe de cientistas do Caltech criou um mapa mostrando como seria a Terra para observadores alienígenas de mundos distantes.
Este é mais um estudo interessante que pode ajudar os pesquisadores a saber o que procurar quando estiverem olhando para o espaço em busca de planetas parecidos com a Terra e potencialmente habitados.
Intitulado Earth as an Exoplanet: A Two-dimensional Alien Map (“A Terra como um Exoplaneta:
Um Mapa Alienígena Bidimensional”, em tradução livre), o estudo foi publicado recentemente na revista Science Mag e é liderado por Siteng Fan. Também conta com vários pesquisadores do Division of Geological and Planetary Sciences (que faz parte do Caltech) e do Jet Propulsion Laboratory da NASA.
O método para procurar exoplanetas potencialmente habitáveis fora do Sistema Solar é a abordagem indireta, já que não podemos observar estes mundos distantes diretamente.
Por isso, os cientistas procuram por características que indicam como o planeta é “parecido com a Terra”.
Para Fan, “os estudos atuais sobre exoplanetas não descobriram quais são os requisitos mínimos para a habitabilidade”. Ele afirma que, embora alguns critérios tenham sido propostos, ainda não se sabe se eles são suficientes. Além disso, as técnicas atuais de observação não são boas o suficiente para provar que esses critérios são corretos.
Então, a proposta de Fan é usar a Terra mais uma vez como modelo de planeta habitado (já que é o único que conhecemos com certeza científica) e criar um mapa que mostra como nosso mundo seria visto à distância por telescópios equivalentes aos nossos.
“Estudar como a Terra se pareceria aos observadores distantes nos daria a direção de como encontrar potenciais exoplanetas habitáveis”, disse.
Transformando a Terra em um exoplaneta
Para determinar como seria a Terra para observadores alienígenas, a equipe compilou quase 10 mil imagens do nosso planeta capturadas pelo satélite Deep Space Climate Observatory (DSCOVR) da NASA.
As imagens foram tiradas a cada 68 a 110 minutos durante um período de dois anos (2016 e 2017), capturando a luz refletida da atmosfera em dez comprimentos de onda.
Então, Fan e seus colegas combinaram as imagens para formar um espectro de reflexão (ou seja, o gráfico da reflexão em função do comprimento de onda) que foi finalmente combinado ao disco da Terra.
Isso reproduziu a aparência da Terra para um observador a muitos anos-luz de distância, se ele observasse a Terra por um período de dois anos.
Depois, a equipe analisou as curvas resultantes e comparou com as imagens originais, para descobrir quais parâmetros das curvas representavam a terra e quais registravam as nuvens.
Então, eles escolheram os parâmetros que mais se aproximavam da área terrestre e o ajustaram à rotação de 24 horas do planeta, o que finalmente resultou no mapa 2D abaixo, representando a aparência da curva de luz da Terra a anos-luz de distância.
As linhas pretas correspondem aproximadamente às costas dos principais continentes. A cor verde é uma representação quase irreconhecível da África (centro), Ásia (canto superior direito), América do Norte e do Sul (esquerda) e Antártica (abaixo). No meio, estão os oceanos, com as partes mais rasas indicadas em vermelho e as mais profundas em azul.
“A análise de curvas de luz neste trabalho tem implicações para determinação das características geológicas e sistemas climáticos no exoplaneta.
Descobrimos que a variação da curva de luz da Terra é dominada por nuvens e terra/oceano, que são cruciais para a vida na Terra. Portanto, é mais provável que exoplanetas semelhantes à Terra, que possuam esse tipo de característica, hospedem vida”, concluiu Fan.
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