Um estudo recente identificou altas quantidades metais pesados, sobretudo zinco e cobre, em corais do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos.
A pesquisa é uma nova etapa da investigação sobre o impacto do rompimento da barragem de Fundão, em Minas Gerais, no principal recife de corais do Atlântico Sul, situado em Caravelas, na Bahia.
“Zinco, cobre, arsênio, lantânio, césio – todos os elementos aumentaram em dez vezes durante a chegada da pluma de sedimentos da Samarco, em janeiro de 2016”, observa Heitor Evangelista, professor adjunto da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenador da pesquisa, realizada em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Para Evangelista, o resultado da pesquisa “acende o sinal vermelho”. O cientista afirma que o dano já existe e é irreparável, uma vez que os corais incorporaram metais em volumes anômalos, mas que a dimensão do efeito biológico requer mais tempo para ser compreendida.
“Muitos dos corais que existem na costa brasileira são nativos daqui, então não podemos levar em conta impactos observados em corais do Caribe e da Indonésia, por exemplo.
Precisamos continuar esse monitoramento e realizá-lo em outros lugares de Abrolhos, para saber até onde vai essa contaminação”, afirma.
O estudo foi encaminhado para o ICMBio em 4 de janeiro. No dia 10 do mesmo mês, foi submetido à Coordenação Geral de Proteção Ambiental e para à Coordenação de Fiscalização da autarquia – esta última é responsável pela apuração dos impactos da lama de Mariana nas unidades de conservação federais.
Entendemos que já é um resultado que comprova a relação entre a chegada da lama no mar com o aumento dos níveis de metais”, avalia Fernando Repinaldo Filho, analista ambiental do ICMBio e chefe do Parna Marinho dos Abrolhos.
“Agora precisamos da validação das coordenações para direcionar a tomada de decisão, que pode ser representada, por exemplo, pela autuação, responsabilização ou exigência de compensação pelos impactos comprovados.”
Nesta semana, a pesquisa da UERJ está na pauta das reuniões do grupo de trabalho do ICMBio em Vitória (ES), para acompanhar as ações de reparação do rio Doce.
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