Os pássaros têm um misterioso “sentido quântico”. Pela primeira vez, cientistas o viram em ação
Ver nosso mundo pelos olhos de um pássaro migratório seria uma experiência bastante assustadora. Algo em seu sistema visual permite que eles “vejam” o campo magnético de nosso planeta, um truque inteligente da física quântica e da bioquímica que os ajuda a navegar por grandes distâncias.
Agora, pela primeira vez, os cientistas da Universidade de Tóquio observaram diretamente uma reação-chave que, supostamente, está por trás dos talentos dos pássaros e de muitas outras criaturas para detectar a direção dos polos do planeta.
É importante ressaltar que esta é a evidência de que a física quântica afeta diretamente uma reação bioquímica em uma célula – algo que há muito tempo imaginamos, mas não vimos em ação antes.
Usando um microscópio feito sob medida sensível a flashes fracos de luz, a equipe observou uma cultura de células humanas contendo um material especial sensível à luz responder dinamicamente às mudanças em um campo magnético.
A mudança que os pesquisadores observaram no laboratório correspondem exatamente ao que seria esperado se um efeito quântico peculiar fosse responsável pela reação luminosa.
“Não modificamos ou adicionamos nada a essas células”, disse o biofísico Jonathan Woodward.
“Achamos que temos evidências extremamente fortes de que observamos um processo puramente mecânico quântico afetando a atividade química no nível celular.”
Então, como as células, particularmente as células humanas, são capazes de responder a campos magnéticos?
Embora existam várias hipóteses, muitos pesquisadores pensam que a capacidade se deve a uma reação quântica única envolvendo fotorreceptores chamados criptocromos.
Os criptocromos são encontrados nas células de muitas espécies e estão envolvidos na regulação dos ritmos circadianos. Em espécies de pássaros migratórios, cães e em outras espécies, eles estão ligados à misteriosa capacidade de sentir campos magnéticos.
Na verdade, embora a maioria de nós não consiga ver os campos magnéticos, nossas próprias células definitivamente contêm criptocromos.
E há evidências de que, embora não seja consciente, os humanos ainda são capazes de detectar o magnetismo da Terra.
Ter evidências de que pelo menos uma delas conecta a estranheza do mundo quântico com o comportamento de um ser vivo é o suficiente para nos forçar a imaginar quais outras partes da biologia surgem das profundezas fantasmagóricas da física fundamental.
Esta pesquisa foi publicada no PNAS.
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