“Múmias” congeladas do Império Mongol estão surgindo do permafrost derretido
As montanhas do leste da Eurásia estão revelando seus segredos arrepiantes, à medida que o permafrost derrete lentamente, desvendando os corpos há muito escondidos do Império Mongol e oferecendo uma visão única de seu modo de vida – e seu amor pelo leite de iaque.
Pesquisadores voltaram sua atenção para um cemitério do século 13 chamado Khorig, aninhado nas alturas das montanhas Khovsgol. O local remonta à época de Genghis Khan, o notório líder que uniu as tribos mongóis e esculpiu o maior império territorial contíguo do mundo.
Onze esqueletos foram desenterrados neste local de enterro de elite em 2018 e 2019, preservados por mais de 800 anos pelas temperaturas geladas. Encontrados junto a objetos funerários luxuosos e vestidos com materiais finos, fica claro que esses indivíduos tinham alto status social.
Na tentativa de entender as dietas e estilos de vida desses aristocratas mongóis, os cientistas analisaram as proteínas do cálculo dental antigo. Eles descobriram que esses indivíduos consumiam leite de uma variedade de animais, incluindo cavalos, ovelhas, cabras, vacas e, o mais notável, iaques.
A evidência do consumo de iaque entusiasmou os pesquisadores, já que esses animais são culturalmente significativos nas regiões de alta altitude do leste da Eurásia. Perfeitamente adaptados ao ambiente hostil, os iaques fornecem alimentos ricos em calorias, tecidos quentes e até gordura para fazer velas.
No entanto, o degelo do permafrost que permitiu essas descobertas também está colocando restos históricos em risco de saque. Se as temperaturas continuarem a subir, muitos tesouros arqueológicos congelados podem ser destruídos antes que possam ser estudados e apreciados.
Este estudo inovador pode ser encontrado no periódico Communications Biology. O permafrost derretido pode ser um tesouro de segredos do Império Mongol, mas também serve como um lembrete da necessidade de proteger e preservar essas preciosas janelas para o passado.