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Nova doença é descoberta em Sergipe; ao menos duas pessoas morreram

Foto: Alynne Santana

Uma nova espécie de parasita capaz de causar uma doença semelhante à leishmaniose visceral foi descoberta por pesquisadores brasileiros em Sergipe.

Ao menos duas pessoas morreram em decorrência de complicações relacionadas à infecção, que é imune aos tratamentos disponíveis.

Os dados levantados pelos cientistas indicam que o protozoário não pertence ao gênero Leishmania, composto por mais de 20 espécies causadoras de três diferentes tipos de leishmaniose: visceral, cutânea e difusa (que causa lesões na pele e nas mucosas).

O primeiro caso foi confirmado em um homem de 64 anos, atendido pela primeira vez em 2011 com um quadro similar ao de leishmaniose visceral:

febre, aumento do baço e do fígado e diminuição de todos os tipos de células sanguíneas. “Ele recebeu o tratamento padrão e melhorou, mas teve recaída apenas quatro meses depois”, disse Roque Pacheco Almeida, professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

O paciente foi então tratado com a melhor droga disponível para esses casos, mas oito meses depois voltou a apresentar os sintomas.

“Desta vez, desenvolveu pápulas avermelhadas na pele, disseminadas por todo o corpo, algo que não vemos em leishmaniose visceral”, completou Almeida.

Após a cirurgia para retirada do baço, recomendada em casos graves que não respondem ao tratamento, o paciente morreu.

Uma biópsia feita nas lesões cutâneas revelou células de defesa repletas de parasitas, que foram isolados e preservados para análise.

Os pesquisadores também isolaram amostras da medula óssea e do baço.

Agência Fapesp

Inicialmente, os cientistas acreditavam que se tratava de uma infecção atípica por Leishmania infantum, mas os testes não confirmaram essa hipótese. A leishmaniose é transmitida ao homem pela picada de fêmeas do mosquito Lutzomya longipalpis.

Para tentar descobrir com que doença estavam lidando, os pesquisadores decidiram fazer uma análise do genoma completo dos parasitas isolados do paciente.

“Comparando os genomas dos parasitas isolados da pele e da medula óssea, concluímos que se trata de uma única espécie, capaz de infectar tanto órgãos internos quanto a pele.

Também concluímos a análise do genoma completo de parasitas isolados de outros dois pacientes de Aracaju que também não respondiam ao tratamento e confirmamos se tratar da nova espécie”, afirmou Sandra Regina Costa Maruyama, pesquisadora vinculada ao Departamento de Genética e Evolução da Universidade federal de São Carlos (UFSCar).

O novo protozoário recebeu a nomenclatura de Cridia sergipensis. Agora os pesquisadores estão em busca de medicamentos capazes de matar de forma eficiente o novo parasita.

Outro desafio é descobrir como surgiu o patógeno e por quais vetores ele é transmitido para os seres humanos.

Os cientistas dizem ainda que é fundamental descobrir se o Cridia sergipensis sozinho é capaz de causar uma doença grave e potencialmente fatal ou se os casos observados seriam resultado de uma dupla infecção.

A hipótese explicaria por que a taxa de letalidade por leishmaniose visceral em Sergipe, em 2016, foi de 15%, enquanto o esperado seria de apenas 6%.

Análise filogenômica indica que patógeno isolado em hospital de Aracaju não pertence ao gênero Leishmania; pesquisadores investigam se a espécie sozinha é capaz de causar doença grave ou se estaria intensificando sintomas de pacientes com dupla infecção. [History], [Saúde]

Categorias: Ciência
Davson Filipe: Davson Filipe é Técnico em Eletrônica, WebDesigner e Editor do Realidade Simulada - Blog que ele próprio criou com propósito de divulgar ciência para o mundo. Fascinado pelas maravilhas do universo, sonha em um dia conhecer a Nasa.
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