Um anel de carbono com apenas 18 átomos é a resposta para um mistério da química que durava meio século. A resposta veio através da pesquisa realizada pela Universidade de Oxford e pela IBM, que deu aos pesquisadores uma visão sem precedentes dessa forma controversa de carbono.
Para conseguir a imagem, obtida a partir de um punhado de sal comum, foi usada microscopia de força atômica (uma varredura da superfície de uma amostra para obter uma imagem com resolução atômica).
Cientistas sempre especularam sobre as propriedades desse anel, mas só conseguiram produzi-lo usando um gás, sem estudá-lo a fundo.
Segundo Przemyslaw Gawel, um dos autores do estudo e pesquisador de Oxford, “a estrutura dessas moléculas foi objeto de debate nos últimos 50 anos. Esta é a primeira vez em que podemos ver uma imagem de como ela se organiza”.
O carbono pode ser encontrado como diamantes, grafite e grafeno. Os cientistas estavam à caça de uma variedade chamada ciclocarbono, composta de anéis com 18 átomos de carbono, cada, na esperança de descobrir como seus átomos se ligam entre si.
Molécula cheia de andaimes
Em um primeiro momento, foi criado um precursor da substância, com os anéis de carbono ligados a moléculas extras para adicionar suporte – sem elas, toda a estrutura desmoronaria e o ciclocarbono naturalmente se rearrumaria em uma forma de carbono comum.
A equipe de Oxford, então, enviou as moléculas cheias de “andaimes” para a IBM, cujos pesquisadores usaram microscopia de força atômica – que, além de vasculhar a superfície da molécula, aplica pulsos de voltagem para alterar sua estrutura.
Contra todas as expectativas, os pesquisadores conseguiram criar o anel e resolver o mistério. Segundo um dos autores do estudo, o cientista da IBM Leo Gross, o ciclocarbono poderá ser útil no segmento da computação e de alta tecnologia, já que a substância é, como o grafeno, extremamente eficiente em termos energéticos.