Um conjunto de ilhas paradisíacas no meio do Oceano Pacífico corre o risco de ser um dos primeiros países do mundo a desaparecer por causa das mudanças climáticas. O ponto mais alto de Tuvalu, pequeno território no sul da Oceania, está a apenas cinco metros do nível do mar — nas próximas décadas, toda a região pode ser engolida pela água.
Os cerca de 11 mil habitantes tentam continuar existindo como povo. Para isso, buscam o título de “primeira nação digital do mundo”: o governo do país quer digitalizar desde a configuração física das ilhas até as danças tradicionais dos moradores. A ideia é que, digitalmente, a população possa inclusive participar de eleições.
Em novembro, a Austrália fechou um acordo para receber os refugiados climáticos de Tuvalu que perderão seu território. A crise não é uma surpresa: há anos, as autoridades tuvaluenses tentam alertar a comunidade global da urgência de ações pra combater a crise climática.
Em 2009, na Conferência do Clima (COP 15), com lágrimas nos olhos, o representante das ilhas, Ian Fry, pediu aos países em desenvolvimento que assumissem um compromisso quanto à redução de suas emissões. “O destino do meu país está nas mãos de vocês”, disse Fry, à época.
Doze anos depois, em 2021, o ministro Simon Kofe exibiu um vídeo na COP 26 com um figurino inusitado para o cenário: discursou de terno e gravata, dentro do mar e com a água até o joelho.
País no metaverso? Como assim?
Apesar dos alertas e dos pedidos de metas mais ambiciosas de combate à crise climática, as previsões de aumento da temperatura do planeta e de subida do nível do mar não mudaram.
“O mundo não agiu, e por isso nós, no Pacífico, tivemos de agir”, disse o ministro Kofe. Foi quando, no final de 2022, o governo anunciou que iria “transferir” o país para o metaverso.
“À medida que a nossa terra desaparece, não temos outra escolha além de nos tornar a primeira nação digital do mundo. Nossa terra, nosso oceano e nossa cultura são os bens mais preciosos de nosso povo. Para mantê-los protegidos de danos, não importa o que aconteça no mundo físico, iremos movê-los para a nuvem”.
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