A guerra sob a água
A história de um oficial da marinha soviética que, em 1962, por pouco evitou que o mundo entrasse em uma guerra nuclear.
Em 27 de outubro, aos 34 anos, Arkhipov estava a bordo do submarino B-59, no mar do Caribe, quando a Marinha dos EUA os encontrou e começou a atingi-los com bombas de baixo impacto para forçá-los a emergir.
No entanto, os norte-americanos não imaginavam que a embarcação estava equipada com um torpedo nuclear de mesma potência que a bomba de Hiroshima. Se os soviéticos atacassem e depois fossem bombardeados significaria o rompimento da Guerra Fria e início de uma guerra nuclear que poderia ter dizimado vários países, visto que ambas as potências estavam em posse de dispositivos nucleares de poder catastrófico.
Apesar de se tratar de um procedimento de emergência para que o submarino emergisse, a maioria dos militares a bordo do B-59 entendeu o que parecia: a guerra havia começado, uma vez que estavam sem comunicação há dias com Moscou.
Com a temperatura do submarino alcançando 100 ºC e o sistema de ar-condicionado arruinado, o capitão Vitali Savitsky entrou em pânico. “Talvez a guerra já tenha começado lá em cima. Nós vamos explodi-los agora! Vamos morrer, mas vamos afundar todos eles! Não vamos desonrar nossa marinha”, disse o comandante, aprovando o lançamento do torpedo.
Mas para que isso acontecesse, ele ainda precisava da aprovação dos outros dois capitães. Ivan Maslennikov disse sim, mas Arkhipov disse não.
O homem que salvou o mundo
Arkhipov conseguiu manter a cabeça no lugar e não ceder à pressão dos outros comandantes, que jogaram nele o peso de uma possível desonra e da morte de todos. Depois de muito tempo, ele conseguiu convencer Savitsky de que o ataque era só uma maneira de atraí-los para a superfície. Quando o B-59 emergiu, todos perceberam que de fato uma guerra ainda não havia começado. Eles deram meia-volta e foram embora.
Em 28 de outubro, após uma série de negociações tensas durante 13 dias de crise, os norte-americanos concordaram em retirar seus mísseis da Turquia depois que os soviéticos removessem os seus mísseis de Cuba.
Ele morreu em 19 de agosto de 1998, aos 72 anos, sem que o mundo soubesse de sua relevância na história moderna, que só foi revelada em 2002 pelo ex-oficial soviético Vadim Orlov.
Fonte:
[Mundo]