Pense em uma pessoa rica. Mas muito rica. Talvez passe pela sua cabeça empresários da tecnologia, como Jeff Bezos, da Amazon (fortuna estimada em US$ 204 bilhões) ou Bill Gates, da Microsoft (US$ 97 bilhões). Ou, ainda, ricaços do mundo da ficção, como o Tio Patinhas, que tem um patrimônio estimado em US$ 44 bilhões, segundo a revista Forbes.
Só que nenhum deles chega perto da pessoa mais rica que já existiu: Mansa Musa. O rei africano, que governou o Império de Mali no século 14, é o primeiro lugar absoluto no ranking das maiores fortunas da história.
Musa Keita I assumiu o poder em 1312, numa época de prosperidade de diversos reinos africanos.
Ao assumir o governo de Mali, ganhou o título de “Mansa” (que significa “rei”) e foi o responsável por expandir as riquezas do império, que se concentrava, sobretudo, em ouro e sal, produtos que na época estavam altamente valorizados. Boa parte do que era usado desses recursos na Europa, África e Oriente Médio vinha dos domínios de Musa.
No auge, a extensão do império abrangia o atual território de Mali, Senegal, Gâmbia, Guiné, Níger, Nigéria, Chade e Mauritânia, na costa oeste da África, uma área de aproximadamente 1,2 milhão km2.
Ouro infinito
A fortuna de Musa vem justamente da quantidade de ouro de Mali, praticamente impossível de mensurar. E não é força de expressão: economistas e historiadores nunca chegaram a um consenso sobre a quantia, que com certeza passaria dos trilhões de dólares.
“Imagine o máximo de ouro que um ser humano possa ter e dobre esse valor”, disse à revista Money o professor de história Rudolph Ware, da Universidade de Michigan, em 2015.
A titulo de comparação, a Money criou uma lista com as pessoas mais ricas de todos os tempo. Musa, é claro, ficou em primeiro. Em segundo lugar está Augusto, o primeiro imperador de Roma, com uma fortuna calculada em US$4,6 trilhões, de acordo com a inflação de 2014.
Na época, o império romano possuía de 25% a 30% do PIB global. E Musa está acima disso. A revista resumiu bem na hora classificá-lo: “mais rico do que qualquer pessoa possa descrever.”
Quem quer dinheiro?
Mesmo com toda essa grana, pouca gente sabia da existência de Musa até 1324. Naquele ano, ele iniciou uma caravana de mais de 6,4 mil quilômetros até a cidade de Meca, sagrada para o povo muçulmano, sem poupar despesas.
Estima-se que a viagem reuniu 60 mil homens, entre soldados, civis e escravos. Dentro desse batalhão havia mil assistentes pessoais de Musa, músicos pessoais do rei e mais de uma centena de camelos carregando barras de ouro (que, como sabemos, “valem mais do que dinheiro”).
Durante essa jornada, Musa parou em Cairo, capital do Egito, e resolveu fazer um singelo ato de caridade: doar ouro. Só que ele deixou tanto metal por lá que meteu o país em uma crise inflacionária. Levou 12 anos até que a economia local se recuperasse.
O imperador morreu em 1337, após 25 anos no poder, deixando como legado escolas, mesquitas, bibliotecas e museus. A mesquita de Djinguereber, por exemplo, existe até hoje em Timbuktu, no Mali, e pode ser visitada.