O pesquisador brasileiro João Botelho, em parceria com um grupo de cientistas da Universidade do Chile, conseguiu “voltar no tempo” para entender melhor a evolução das aves: ao interferir no desenvolvimento embrionário de uma galinha, eles conseguiram fazer com que o pintinho nascesse com uma perna típica de dinossauro.
Como assim? Antes, precisamos entender um pouco sobre evolução e anatomia.
Você já deve ter ouvido falar que aves são dinossauros, certo? Isso porque, se utilizarmos o conceito de “grupos naturais” (que possuem um ancestral comum) para classificar os seres vivos, as aves estão posicionadas no mesmo grupo dos dinossauros.
A parte de baixo da perna das aves é formada por dois ossos: a tíbia, que é mais longa e grossa, e a fíbula, um pouco mais fina e curta (da próxima vez que você comer uma coxinha de frango, lembre-se de observar essa diferença!).
Já nos primeiros dinossauros terópodes, que são ancestrais das aves, a fíbula tem formato de tubo e é bem mais comprida, chegando até o tornozelo, característica que é mantida em Archaeopteryx – grupo de aves mais antigo que se conhece.
Isso porque, durante o processo evolutivo, as aves perderam essa parte final da fíbula. Por isso, o osso não fica mais ligado ao tornozelo e acaba sendo menor do que a tíbia.
Os pesquisadores resolveram olhar especificamente para essa transformação e descobriram que o encurtamento da fíbula está diretamente ligado a um gene, chamado Indian Hedgehog.
Quando ele foi inibido quimicamente num embrião de galinha – ou seja, parou de funcionar –, a equipe conseguiu um pintinho que tinha a fíbula tubular tão comprida quanto a tíbia e ligada ao tornozelo, exatamente como a dos seus “primos” dinossauros.
Mas se você estava esperando caminhar entre os dinos, assim como no filme “Jurassic Park”, pode tirar o cavalinho da chuva: os embriões modificados nem chegaram a sair dos ovos.
A pesquisa foi feita para tentar desvendar o mecanismo por trás da evolução dessa característica, e não para recriar dinossauros!
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