A essa altura, quase todo mundo já deve ter ouvido falar no Planeta 9 — mundo com 5 vezes a massa da Terra que supostamente estaria a 60 bilhões de quilômetros do Sol.
Isso equivale a 13 vezes a distância da estrela até a órbita de Netuno, ou algo entre 300 e mil unidades astronômicas (uma UA é a distância do Sol até a Terra). Cientistas tentam em vão encontrá-lo desde 2016. Mas, segundo uma nova teoria, o sumiço não seria à toa.
Os astrônomos Jakub Scholtz, da Universidade de Durham, na Inglaterra, e James Unwin, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, publicaram um artigo em que defendem uma ideia ousada.
Para os pesquisadores, o Planeta 9 pode nem ser um planeta, mas sim um buraco negro bem pequenino e primordial (PBH, na sigla em inglês).
Esses objetos teriam surgido pouco após o Big Bang por conta de flutuações na densidade do Universo primitivo. Os PBHs mais leves evaporaram por completo, enquanto os mais massivos podem ter resistido até os tempos atuais — apesar de jamais algum deles ter sido observado até agora.
No estudo, publicado em setembro no repositório arXiv, os astrônomos argumentam que essa possibilidade é plausível de acordo com as evidências coletadas sobre o Planeta 9.
Existem três hipóteses principais para explicar a origem e evolução do mundo hipotético.
A principal delas sugere se tratar de um exoplaneta que perambulava perdido pela galáxia até ser capturado pela gravidade do Sol.
Outras ideias defendem que ele seja nativo daqui, com formação na parte interna do Sistema Solar e posterior migração. Há, ainda, chance de seu surgimento ter acontecido lá longe mesmo (um cenário menos provável). Por enquanto, tudo não passa de conjectura.
Segundo Scholtz e Unwin, a chance de o Planeta 9 ser um exoplaneta capturado é a mesma que a de ser um buraco negro primordial — por isso os cientistas devem incluir a segunda possibilidade na lista de hipóteses plausíveis.
Se do ponto de vista teórico a nova proposta é empolgante, não se pode dizer o mesmo para as perspectivas de se observar o tal planeta misterioso. Caso seja um PBH, será ainda mais difícil achar o objeto nos rincões do Sistema Solar.
Esses buracos negros são realmente muito pequenos: um com cerca de cinco vezes a massa da Terra teria diâmetro de dez centímetros. Detectá-lo visualmente seria totalmente impossível. A energia que ele irradia é ínfima, já que sua temperatura é 0,004 K, bem perto do zero absoluto.
É mais frio que a radiação cósmica de fundo que permeia o Universo. Mas os astrônomos sugerem uma técnica que permitiria localizar o astro oculto.
O segredo do método consiste em procurar por sinais emitidos pelo mini-halo de matéria escura que circunda um PBH. Essas partículas sofrem aniquilação quando interagem com o ambiente, processo que emite raios X, raios gama e outros raios cósmicos de alta energia.
Conduzir essas observações pode ser um jeito de testar a hipótese — e descobrir se há sentido na ideia de um buraquinho negro ancião, e não um novo planeta, no Sistema Solar.