Muitos exoplanetas já descobertos apresentam características semelhantes aos mundos do nosso Sistema Solar. Por isso, recebem apelidos como “Júpiteres quentes”, “mini-Netunos”, ou “super-Terras”.
Mas parece que existe outro tipo de exoplaneta um tanto diferente: os “planetas oculares” (“eyeball”), que se parecem como um olho gigante.
Bem, não há nada de estranho na superfície desses planetas para que ganhem essa aparência. Eles apresentam essa forma por causa do acoplamento das marés – ou seja, o planeta sempre tem o mesmo lado voltado para a sua estrela anfitriã.
Um mundo com acoplamento de maré leva para girar em torno do seu eixo o mesmo tempo que ele gasta para orbitar em torno da estrela.
Assim, cada lado do planeta tem características permanentes e opostas. De um lado, será sempre dia; do outro será sempre noite.
Se este planeta for quente, ou seja, se estiver próximo de sua estrela, o lado que recebe luz será rochoso e seco, enquanto o líquido ficará no lado escuro.
Em um planeta ocular gelado, que é mais afastado da estrela, o lado diurno abrigará a água líquida, enquanto o lado noturno será formado gelo e rochas.
Também há a possibilidade de que em um lado haja apenas rocha e do outro gelo, com um anel aquático estreito no meio.
De acordo com um estudo publicado em 2013 na revista Astrobiology, o anel aquático de um planeta ocular quente, como este da imagem acima, poderia ser habitável.
É que nessa região haveria um crepúsculo permanente, recebendo calor apenas o suficiente para derreter uma parte das geleiras.
A água líquida transformaria parte da região rochosa em uma área fértil, onde a vegetação poderia crescer. No caso dos planetas oculares gelados, a região habitável seria a parte voltada para a estrela anfitriã.
Há outras diferenças entre o lado diurno e lado noturno de um planeta com acoplamento de maré, ainda que não sejam planetas oculares.
De acordo com o autor do estudo, essa diferenças podem ser com nuvens agrupadas apenas em determinadas áreas, ou com o derretimento de gelo apenas em um dos lados.
A galáxia pode estar cheia de mundos com diferentes características por causa da órbita travada em relação à estrela anfitriã.
Embora seja hipotética, essa categoria de planetas pode ser comum. O objeto Kepler 2626-01 pode ser um planeta ocular, por exemplo, assim como alguns dos planetas do sistema TRAPPIST-1.
Os planetas “eyeball”, como são chamados em inglês, são alvo de interesse para os astrônomos porque há boas chances de encontrarmos vida em algum deles.
Dependendo do calor da estrela, da proximidade do planeta em relação à estrela, e de outros fatores essenciais à vida, quem sabe o que podemos encontrar em mundos como estes?
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