Poderia um planeta habitável orbitar um buraco negro supermassivo?

Buraco negro supermassivo

No filme de 2014, Interestelar, os astronautas procuram planetas que orbitam um buraco negro supermassivo como potenciais lares para a vida humana.

Um buraco negro supermassivo distorce o espaço-tempo, de acordo com a teoria geral da relatividade de Einstein, e pelo menos um dos planetas do filme, chamado planeta Miller, experimentou o tempo passando a uma velocidade mais lenta.

A cada hora que os astronautas passavam no planeta, vários anos se passavam fora da influência do buraco negro.
Em um artigo publicado no site arXiv, o cientista da NASA Jeremy Schnittman argumenta que é muito improvável que a vida possa sobreviver na órbita de um buraco negro.

Seu principal argumento é a improvavel existência de água líquida — o material mais importante, que permite que formas de vida complexas vivam aqui na Terra — a vida como a conhecemos simplesmente não existiria graças às condições extremas ao redor do buraco negro.

Embora a probabilidade de um planeta habitável orbitar um buraco negro supermassivo não seja clara, experimentos e reflexões como essa são úteis para entender melhor o universo, afirma o autor do artigo, Jeremy Schnittman.

“É um pouco extravagante, é um pouco irônico”, diz Jeremy, astrofísico do Goddard Space Flight Center da NASA. “Mas isso nos ajuda a pensar sobre o funcionamento do universo. Portanto, mesmo que não exista realmente um planeta em torno de um buraco negro, ainda é divertido pensar nisso.”

Usando o Sistema Solar como exemplo

Jeremy disse que se o sol virasse um buraco negro a Terra não seria sugada, o que é algo positivo não é mesmo?
Por outro lado, sabemos que o Sol fornece toda a energia necessária para a vida existir aqui na Terra, por tanto se o buraco negro não fornecesse calor suficiente, muito provavelmente toda a água líquida da Terra se solidificaria em questão de dias.

As zonas habitáveis

Concepção de zona habitável. (Imagem: Divulgação)
Concepção de zona habitável. (Imagem: Divulgação)

Para definir se um planeta tem ou não chance de ser habitável, os astronomos costumam classificá-los em regiões da órbita onde seria possível a água se manter líquida.

E segundo Jeremy, os buracos negros podem possuir sim zonas habitáveis, pois a maioria dos buracos negros tem em seu entorno um disco de acreção, que nada mais é que um halo quente de gás e matéria que se acumulam em torno de buracos negros maciços.

Esses discos podem ser muito brilhantes e fornecer luz aos planetas em órbita, embora provavelmente sejam muito diferentes da luz solar na Terra.

Planeta azul

Quando Jeremy assistiu o filme Interestelar, o tempo distorcido no planeta Miller o fez pensar em outros efeitos que um planeta poderia experimentar perto de um buraco negro supermassivo.

Ele percebeu que o efeito que diminui o tempo no planeta também mudaria a luz que recebe do espaço para energias mais altas.

O efeito, chamado “desvio para o azul”, potencialmente tornaria a luz que atingia um planeta perto de um buraco negro mais perigosa. A luz recebida seria amplificada para frequências muito mais altas, incluindo a faixa Ultra Violeta.

A exposição a essa radiação de alta energia pode danificar as células vivas; portanto, um planeta muito próximo a um buraco negro supermassivo pode não ser hospitaleiro para a vida como a conhecemos.

“O tempo realmente afeta tudo ao nosso redor”, diz Schnittman. “Não apenas a nossa percepção da realidade, mas também outras coisas como a luz. Pode realmente tornar tudo muito, muito diferente quando o tempo está passando a uma taxa diferente. ”

Fontes:

http://astronomy.com

https://arxiv.org/

Metro News

[Astronomia]