Nos primeiros instantes do surgimento do Universo, com a explosão conhecida como Big Bang, a matéria foi disparada para o espaço e, gradualmente, foram formados os planetas, as estrelas e as galáxias que conhecemos hoje.
Para entender as forças que moldaram tudo isso, cientistas montaram cuidadosamente uma espécie de mapa dessa matéria, com as medições mais precisas já feitas de como ela é distribuída pelo cosmos atualmente.
Combinando dados de dois grandes levantamentos telescópicos do Universo, um grupo composto por mais de 150 pesquisadores da Universidade de Chicago e do Laboratório Nacional de Aceleradores Fermi (Fermilab), nos EUA, elaborou um conjunto de três artigos, que foram publicados na terça-feira (31) na revista Physical Review D (confira aqui, aqui e aqui).
Entre outras descobertas, a análise indica que a matéria não é tão “aglomerada” quanto seria de esperar com base em nosso melhor modelo atual do Universo, o que aumenta as evidências de que pode haver algo faltando em nosso modelo padrão existente.
Desde que o Big Bang criou toda a matéria no Universo em alguns momentos muito quentes e intensos, cerca de 13 bilhões de anos atrás, essa matéria vem se espalhando para fora, esfriando e se aglomerando à medida que avança.
Cruzamento de dados
Os telescópios usados foram o Dark Energy Survey, que examinou o céu ao longo de seis anos a partir do topo de uma montanha no Chile, e o South Pole Telescope, que procura os fracos vestígios de radiação que ainda estão viajando pelo céu desde os primeiros momentos do Universo.
Conforme destaca o site Phys, a combinação de dois métodos diferentes de olhar para o céu reduz a chance de que os resultados sejam descartados por algum possível erro em uma das formas de medição. “Ele funciona como uma verificação cruzada, por isso se torna uma medição muito mais robusta do que se você usasse apenas um ou outro”, disse o astrofísico Chihway Chang, um dos principais autores dos estudos.
Em ambos os casos, os exames se basearam em um fenômeno chamado “lente gravitacional“. À medida que a luz viaja pelo Universo, ela pode ser ligeiramente “dobrada”, conforme passa por objetos com muita gravidade, como galáxias.
Em ambos os casos, os exames se basearam em um fenômeno chamado “lente gravitacional“. À medida que a luz viaja pelo Universo, ela pode ser ligeiramente “dobrada”, conforme passa por objetos com muita gravidade, como galáxias.
O método captura tanto a matéria regular quanto a matéria escura – a misteriosa forma de matéria que só detectamos devido aos seus efeitos sobre a matéria regular – porque ambas exercem gravidade.
Ao analisar rigorosamente esses dois conjuntos de dados, os cientistas puderam inferir onde toda a matéria foi parar no Universo.
Universo menos aglomerado que o previsto
Embora a maioria dos resultados se encaixe perfeitamente com a teoria do Universo mais aceita atualmente, também há sinais de uma lacuna – que também foi sugerida no passado por outras análises.
“Parece que há um pouco menos flutuações no Universo atual do que preveríamos assumindo nosso modelo cosmológico padrão ancorado no Universo primitivo”, disse o astrofísico da Universidade do Havaí Eric Baxter, coautor da pesquisa.
Especificamente, as leituras atuais descobrem que o Universo é menos “aglomerado” – agrupando-se em certas áreas, em vez de uniformemente espalhado – do que o modelo preveria.
A análise é um marco, pois produziu informações úteis de dois levantamentos de telescópios muito diferentes. Esta é uma estratégia muito esperada para o futuro da astrofísica, à medida que mais telescópios grandes entrarem em operação nas próximas décadas.
“Acho que este exercício mostrou os desafios e os benefícios de fazer esses tipos de análises”, disse Chang. “Há muitas coisas novas que você pode fazer quando combina esses diferentes ângulos de olhar para o Universo.”
Fonte:
[Espaço]
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