Em um desolado corpo rochoso a 300 milhões de quilômetros da Terra, praticamente duas vezes a distância de nosso planeta até o Sol, uma sonda japonesa acaba de fazer história.
Pela segunda vez em sua produtiva missão, que já dura quase cinco anos, a Hayabusa2 realizou um pouso na superfície do asteroide Ryugu.
Seu objetivo era coletar material subterrâneo — oficiais japoneses afirmam que a arriscada manobra foi concluída com êxito.
É um feito notável para a ciência: pode ensinar sobre as origens do Sistema Solar e até da vida na Terra. Mas também vale muito para a exploração espacial.
“Nós nunca havíamos coletado material do subsolo de um corpo celeste mais distante que a Lua”, disse Yuichi Tsuda, gerente do projeto, em uma conferência de imprensa nesta quinta (11).
A sonda, que tem as dimensões de uma geladeira, pousou no asteroide Ryugu na noite de ontem, às 20:30 no horário de Brasília.
Em japonês, Ryugu significa “Palácio do Dragão”. O nome faz referência a um antigo mito sobre um castelo no fundo do oceano.
Antes deste pouso, a Hayabusa2 já havia visitado a superfície do asteroide em fevereiro, quando atirou um projétil para levantar poeira e coletá-la.
Pouco depois, em abril, a sonda “bombardeou” o corpo rochoso com o intuito de trazer à tona materiais subterrâneos, preservados do contato com a atmosfera e a radiação.
Desta vez, ela desceu para coletar justamente esses detritos das profundezas.
São amostras extremamente puras e intocadas, que devem fornecer informações valiosas sobre como era o Sistema Solar pouco após seu nascimento, há cerca de 4,6 bilhões de anos.
A sonda permaneceu pouco tempo na superfície e logo retornou à sua posição habitual, na órbita do Ryugu. Havia muita coisa em jogo.
Se algo falhasse, e a sonda não conseguisse voltar, os materiais preciosos seriam perdidos. Mas não foi o caso. Falta pouco para a Hayabusa2 fazer meia-volta e pegar o rumo de casa.
Em 2020, ela vai trazer suas ricas amostras até a Terra, para que os cientistas possam fazer análises detalhadas em laboratório.
Sua irmã mais velha, a Hayabusa, fez a mesma coisa em 2010. Já não há mais dúvidas: o estudo dos asteroides deu um salto com a contribuição do Japão.
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