Viver sem esquecer seria um fardo ou um superpoder?

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A habilidade de se lembrar de todos os momentos de sua vida parece algo incrível. No entanto, para as poucas pessoas que possuem essa capacidade, há um preço alto a se pagar.

HSAM

Conhecida como Memória Autobiográfica Altamente Superior (HSAM, na sigla em inglês), ou hipertimesia, a condição – tal como ela é – foi relatada pela primeira vez pelo neurobiólogo James McGaugh, da Universidade da Califórnia em Irvine, em 2006.

Em seu estudo de referência “Neurocase”, McGaugh descreveu a paciente “AJ”, uma mulher de 42 anos “cuja lembrança domina sua vida”.

Pessoas com essa síndrome podem se lembrar instantaneamente e sem esforço algum de qualquer coisa que fizeram, o que vestiram ou onde estavam em qualquer momento da vida.

Elas podem lembrar de notícias e acontecimentos pessoais com tantos detalhe e com uma exatidão tão perfeita que são comparáveis a uma gravação.

Por que algumas pessoas nascem com a Supermemória?

As pesquisas ainda estão em andamento, já que existem tão poucas pessoas com a síndrome no mundo e a área ainda é relativamente nova.

Mas alguns estudos indicam que o lobo temporal (que ajuda no processamento de memória) é maior nos cérebros das pessoas com HSAM, assim como o núcleo caudado, que ajuda no aprendizado mas também pode influenciar na síndrome obsessivo-compulsiva.

Ter uma supermemória significa que as memórias são gravadas em detalhes vívidos, o que é fascinante em termos científicos, mas pode ser uma praga para quem tem a síndrome.

“Googles humanos”

Para reconhecer a HSAM, os cientistas fazem testes médicos e avaliam os potenciais candidatos com um questionário de acontecimentos públicos ocorridos nos últimos 20 anos.

Fatos que vão desde eleições a competições, passando pela a entrega de prêmios e até acidentes aéreos.

Uma pessoa com a Memória Autobiográfica Altamente Superior seria capaz de dizer a data precisa e o dia da semana em que os eventos ocorreram, além de outros detalhes.

Os que obtêm mais de 55% no teste são então interrogados sobre experiências mais pessoais.

É o caso de Brad Williams, de 55 anos, que vive em Wisconsin. ‘Me dei conta (da síndrome) participando de concursos de perguntas em bares.

Sou fanático por esses concursos e sempre fui melhor e mais rápido do que o restante das pessoas’, disse Williams.

Fardo ou um superpoder ?

Williams diz que ser ter HSAM lhe traz algumas vantagens específicas em seu trabalho como jornalista. “O que eu de fato preciso armazenar ou buscar na internet é um volume bem menor de informações do que o que já está na minha cabeça.”

No entanto, nem todos os que possuem esse tipo de memória festejam sua condição.

É o caso de Jill Price, a paciente que procurou especialistas por não poder mais suportar seu constante exercício de se lembrar de tudo. Foi o caso dela que serviu de gatilho para os estudos.

“É incessante, incontrolável e imensamente cansativo. As lembranças vêm, simplesmente chegam na minha mente.

Não posso controlá-las”, escreveu Price em sua autobiografia The Woman Who Can’t Forget (A Mulher que Não Consegue Esquecer, em tradução livre do inglês).

Em seu caso, a HSAM acabou complicando suas relações com as pessoas. Entre os pacientes de McGaugh não há nenhum casado ou com relações estáveis.

No entanto, o especialista afirma que casos de insatisfação como os de Price são a minoria.

“A maioria acredita que é um dom. Se questionados se prefeririam não ter a síndrome, eles dizem que não mudariam isso por nada.”

Fontes:

Gizmodo

BBC

http://g1.globo.com/

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