A história do homem que bebeu “suco radioativo” até sua mandíbula cair

mandíbula

O homem que bebeu suco radioativo até que seus ossos se desintegrassem e sua mandíbula caísse

Por mais absurdo que pareça hoje, antigamente a radioatividade fazia bem. Ao menos era o que propagandas de diversos produtos alardeavam.

Trazer de volta a energia da juventude, acabar com distúrbios menstruais e até devolver a visão a cegos: praticamente qualquer problema de saúde podia ser curado com tônicos, cremes para a pele, pasta de dente, anticoncepcionais e supositórios radioativos.

A onda de acreditar no poder curativo da radioatividade foi causada graças a uma série de raciocínios até que lógicos – mas bastante equivocados.

Tudo começou quando pesquisadores descobriram a presença de radioatividade na água de estações visitadas por pessoas em busca de cura para enfermidades.

Essa radioatividade é causada pela desintegração do elemento rádio presente no solo, que gera o gás radônio. Hoje, sabe-se que o radônio, em doses altas, afeta seriamente os ossos e pode causar câncer.

Na época, uma associação apressada levou à conclusão que o rádio era responsável pelos poderes curativos da água.

Portanto, as indústrias começaram a disponibilizar esses poderes curativos ao público que não podia viajar até uma estação de águas. Logo, mais uma dedução: se água radioativa faz bem, utilizar o rádio diretamente devia ser melhor ainda.

O que não faltou foi criatividade para abastecer o mercado com todo tipo de produto. “Na verdade, a radioatividade na água tem níveis baixos e não afeta a saúde.

Quando os níveis são altos demais, podem causar queimaduras na pele. Pior:

se a substância for ingerida, a radioatividade destrói os ossos”, afirma Paul Frame. A folia acabou conforme as leis foram definindo níveis máximos de segurança de exposição.

Conheça alguns remédios radioativos.

Um filtro dos anos 1920, com paredes internas revestidas de argila e minério de urânio, dizia que deixava a água radioativa. Bastava enchê-lo com água normal à noite que, de manhã, o líquido daria muita energia a quem o tomasse.

O manual tinha um teste com fotos que “provavam” a melhora na saúde: nas imagens, duas plantas eram regadas, uma com água normal e outra com água de Revigator. A segunda crescia mais vistosa.

Eram pastilhas de “genuíno rádio”, que deveriam ser tomadas com água, dois tabletes antes ou depois de cada refeição. Um trecho da propaganda veiculada em 9 de fevereiro de 1923, no Newark Ohio Advocate, afirmava: “Rádio acaba com a agonia do reumatismo, neurite, nevralgia e gota.

Os médicos dizem que simples e inofensivos tabletes de rádio – como Arium – trazem um espantoso e durável alívio até mesmo para casos que pareciam perdidos.

Recompensa de 5 milhões de dólares se os tabletes falharem”. Na semana seguinte, o anúncio prometia uma recompensa de apenas 5 mil. Por que será?

Radithor

Foi o mais popular dos produtos, apesar de ser caro, e virou manchete do Wall Street Journal. Depois de dois anos tomando pelo menos duas garrafinhas de Radithor ao dia, o industrial Eben Byers teve um câncer, que o fez perder os dentes e destruiu seus ossos.

Sua morte em 1932, aos 51 anos, foi um escândalo nacional. O jornal publicou: “A água com rádio funcionava muito bem, até que sua mandíbula caiu”. O Radithor ainda foi comercializado por alguns anos até ser proibido pelas autoridades americanas.

Fonte:

Aventuras na História

Mandíbula