A humanidade vive mais precariamente do que pensamos, pesquisadores do Centro para o Estudo do Risco Existencial da Universidade de Cambridge alertam.
A explicação é que dependemos de vários sistemas globais que podem se desestabilizar facilmente, do ambiente que nos abastece com alimentos, água, ar limpo e energia à economia global que fornece bens e serviços. E isso pode nos levar a um destino semelhante ao dos dinossauros.
A extinção dos dinossauros, segundo paleontólogos,, aconteceu pelo impacto de um asteroide que colidiu com a Terra, 66 milhões de anos atrás.
Mas ela também foi influenciada por outros eventos, como uma série de vulcões colossais em erupção e atividades submarinas devastadoras. Em outras palavras, os sistemas globais que sustentam a vida foram desestabilizados por mudanças profundas.
Nos dias atuais, os sistemas globais também estão relacionados a fatores como alterações climáticas, desenvolvimento de armas nucleares e inteligência artificial.
Os cientistas já identificaram fenômenos que podem levar os atuais sistemas globais a colapsar.
Entre eles estão a mudança de clima autossustentável, que deixa de ser causada apenas pelo homem, as alterações no ecossistema, pela perda de algumas espécies-chave, causando o desaparecimento de ecossistemas inteiros, e a hiperinflação, na qual instituições econômicas anteriormente estáveis param de funcionar e o dinheiro perde valor.
A história indica que não existe lei da natureza que impeça tais mudanças de se tornarem de natureza catastrófica global. Se forçados ao limite, os sistemas globais podem colapsar.
O dano a uma espécie, ecossistema ou processo ambiental causaria problemas para os outros, acelerando a mudança e tornando-a autossustentável.
Astro-biologistas da Universidade Nacional da Austrália sugerem que uma das razões pelas quais a vida pode ser rara em outros planetas é que seu surgimento frequentemente afasta as condições necessárias para sua existência.
Para o Centro para o Estudo do Risco Existencial, não é impossível que isso ainda aconteça na Terra, uma vez que sistemas concebidos pela humanidade tampouco são menos frágeis nesse sentido.
No entanto, isso tudo pode não ser uma má notícia para a humanidade.
Talvez possamos nos confortar com o fato de que os seres humanos se mostraram capazes de sobreviver em todos os habitats da Terra e até mesmo no espaço, ainda que nem sempre prosperem.
Mas devemos também refletir sobre o fato de que a maior parte dessa flexibilidade de adaptação não vem da biologia, mas de tecnologias desenvolvidas pela humanidade.
Além de serem as mesmas tecnologias que levaram os sistemas globais ao estado atual, elas estão saindo rapidamente dos domínios da compreensão humana em sua complexidade e sofisticação.
Agora, é preciso um imenso conhecimento para usá-las e mantê-las, fazendo de cada um de nós, individualmente, mais vulneráveis durante uma extinção em massa -— o que não é uma boa notícia, no fim das contas.
Fonte:
https://revistagalileu.globo.com