Pesquisadores criam o primeiro organismo com DNA totalmente sintético

DNA totalmente sintético

Especialistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, criaram o primeiro organismo com DNA totalmente sintético. Com o auxílio da engenharia genética, a equipe redesenhou a bactéria Escherichia coli, comum no intestino humano.

O genoma artificial contém 4 milhões pares de bases nitrogenadas, que são as unidades do código genético.

O genoma é de longe o maior já construído por cientistas — se escrito em folhas A4, ocuparia 970 páginas. 

“Não estava claro se era possível fazer um genoma tão grande e se era possível mudá-lo tanto”, disse Jason Chin, especialista em biologia sintética que liderou o projeto, ao The Guardian.

No núcleo celular se encontra o DNA, que é formado por códons — combinações de três bases nitrogenadas diferentes. Esses trios são codificados e transmitem as informações necessárias para o funcionamento do organismo.

Como existem quatro bases nitrogenadas (ou ácidos nucleicos — adenina, citosina, guanina e timina), há 64 combinações de códons possíveis — presentes em seres vivos desde água-vivas até humanos.

Desses, 61 códons produzem 20 aminoácidos naturais, que podem ser ligados, construindo qualquer proteína existente na natureza.

Já os três códons que sobram são os “sinais de parada”, ou seja, avisam as células quando a proteína já foi totalmente codificada.

Com essas informações, os cientistas começaram a modificar alguns desses trios de bases nitrogenadas. Cerca de 18 mil edições depois, o grupo sintetizou quimicamente o material e o adicionou às informações genéticas do E coli.

O resultado foi um micróbio conhecido como Syn61, que tem um código de DNA completamente sintético, é um pouco mais longo que o normal e cresce mais lentamente, mas ainda assim sobrevive.

Essa é uma boa notícia particularmente para os pesquisadores que pretendem editar organismos para produzir materiais sintéticos, ou “programá-los” para invadir certos tipos de bactérias ou vírus, por exemplo.

“Eles levaram o campo da genômica sintética a um novo nível, não apenas construindo com sucesso o maior genoma sintético até o momento, mas também realizando as mais importantes mudanças no genoma até agora”, disse Tom Ellis, pesquisador de biologia sintética no Imperial College London.

Fonte:

https://revistagalileu.globo.com

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