Cidade medieval na África já contava com sistema de tubulação

África

A primeira grande cidade a se formar na África Austral foi Grande Zimbabwe, e durante a época medieval chegou a abrigar cerca de 18 mil pessoas. Em seu auge, entre os séculos 11 e 15, ela foi lar de elites, líderes religiosos, artesãos e comerciantes. Atualmente ela se encontra em ruínas, mas o motivo ainda é um mistério.

Arqueólogos muitas vezes associaram seca e climas áridos ao fato da cidade estar abandonada. No entanto uma pesquisa recente, observou que a população que vivia ali possuía um eficaz sistema de armazenamento e conservação de água.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Dinamarca, África do Sul, Inglaterra e Zimbábue e foi publicado na revista Anthropocene. Foi descoberto uma série de poços ao redor da cidade, que são conhecidos como dhaka, que podem ser a chave para entender o abastecimento de água da cidade.

Sistema de águas da cidade

Ruínas de Grande Zimbabwe (Imagem: Divulgação)
Ruínas de Grande Zimbabwe (Imagem: Divulgação)

Anteriormente, pensava-se que as depressões circulares nos entornos da cidade eram resultado de escavações de argila, usadas na construção de casas e edifícios. Entretanto, uma série de dhakas foram encontrados nas encostas, lugar estratégico para captação de água das chuvas e subterrâneas. Outros poços também foram encontrados se estendendo por riachos.

Esses poços usados para coletar águas da chuva e represar algumas partes de rios provavelmente garantiram abastecimento de água da cidade para consumo e agricultura durante boa parte do ano e até mesmo em períodos de seca.

Outro indício de que os dhakas realmente foram cavados para desempenhar tal função, são as plantas encontradas em volta deles. Elas são características de lugares com solo úmido, como rios ou fontes de água subterrânea.

A pesquisa foi realizada através da análise dos poços com varredura aerotransportada, o que permitiu ver as principais características do local, mesmo onde a vegetação era mais densa. Além disso, pesquisas de campo e conversas com comunidades que vivem próximas da antiga cidade também foram realizadas.

Os pesquisadores estimam que os dhakas podiam armazenar até 18 milhões de litros de água. No entanto, calcular essa capacidade com precisão é difícil porque essa é a primeira pesquisa realizada sobre os poços.

Segundo os pesquisadores, algumas áreas da cidade ficam úmidas e pantanosas durante a estação de chuvas. Essas condições podem ter sido ideais para que argila fosse tirada para construção de casas e que depois os buracos fossem usados como reservatório de água subterrânea e vinda das colinas próximas.

Colapso de Grande Zimbabwe

Atualmente ainda se tem pouco conhecimento sobre a cidade de Grande Zimbabwe e o que causou o seu colapso. Durante seu auge, o mundo passou pela Anomalia Climática Medieval, onde o mundo passou por temperaturas elevadas, e por uma pequena Era do Gelo.

Assim a possibilidade da cidade ter entrado em ruínas devido a mudanças climáticas não pode ser descartada, mesmo com o eficaz sistema de águas. Mas crises econômicas e políticas também podem ter causado o fim da Grande Zimbabwe.

Fonte:

Olhar Digital

[História]