Entendendo a rotação impossível do planeta Saturno

Rotação impossível

Cientistas podem ter desvendado a bizarra rotação de Saturno

Quando astrônomos e cientistas planetários querem entender um planeta, uma das primeiras coisas que eles fazem é olhar para o seu período de rotação — em outras palavras, eles calculam qual é a duração de um dia naquele outro mundo.

Esse é um dado indispensável para compreender como aquele planeta se formou e revelar detalhes sobre sua história e comportamento. É algo tão fundamental quanto o tamanho, a composição e a órbita desse planeta.

O problema é que, com Saturno, essa observação nunca deu muito certo.

Na Terra, não há grandes dificuldades em descobrir que um dia dura 24h (ou melhor, 23 horas, 56 minutos e 4 segundos).

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Em um planeta rochoso, mesmo que muito distante, sempre dá para o cientista se basear em alguma marcação na superfície, e cronometrar quanto tempo ela volta a aparecer depois da rotação.

Com planetas gasosos, como Saturno, esses padrões na superfície não são tão bem definidos e fixos. Assim, é preciso apelar para outras estratégias.

Em Júpiter, o cálculo foi feito ouvindo sinais de rádio que emanam do interior do planeta. As sondas Voyager tentaram fazer o mesmo com Saturno, entre 1980 e 1981: a modulação detectada sugeria que o período de rotação (ou seja, o dia) em Saturno era de 10 horas e 40 minutos.

Por muitos anos, esse foi considerado o número “correto”. Só que, quando a sonda Cassini chegou lá, em 2004, descobriu algo perturbador — o tempo de rotação havia oscilado seis minutos. Uma alteração de 1% – absurdamente alta para um intervalo desprezível em termos astronômicos.

Como era possível que, em coisa de 20 anos, um planeta apresentasse uma mudança que, normalmente, levaria centenas de milhões de anos para acontecer? De lá para cá, cientistas têm tentado entender justamente isso.

Um estudo recente publicado no periódico JGR Space Physics oferece uma explicação bastante promissora para o enigma. De acordo com os pesquisadores da Birmingham-Southern College, do Alabama, nos EUA, a culpa seria das estações do ano saturnino.

Duane Pontius e mais dois colegas começaram a buscar a resposta comparando Saturno com seu “irmão” no Sistema Solar: Júpiter.

Além da óbvia presença de anéis, o que mais os dois têm de diferente? Estações do ano. Assim como a Terra, o eixo de Saturno tem uma inclinação bem acentuada, de 27 graus.

Então por lá, assim como por aqui, as mudanças sazonais são mais perceptíveis. Já em Júpiter, são apenas três graus. Durante o ano, a quantidade de radiação ultravioleta que chega do Sol até Saturno varia conforme o hemisfério.

As diferentes doses de interação entre os raios UV e o plasma na atmosfera provocam oscilações na resistência do ar — e adivinhe só? Isso desacelera os gases atmosféricos.

Na prática, portanto, estávamos tentando medir o dia de Saturno escutando os sinais de rádio dos gases que formam a camada mais externa dele – e as que sofrem maior variação graças à radiação solar.

Estações do ano, portanto, bagunçam a velocidade de rotação da atmosfera de Saturno. Mas a do seu núcleo, ainda não mensurada, permanece igual – e é lá no meio que pode estar a resposta definitiva.

A proposta, apesar de estar em estados bastante iniciais, foi bem recebida pelos especialistas. Falta agora aplicar os dados que a sonda Cassini coletou sobre o planeta ao longo de 13 anos para ver se corroboram o modelo.

Fonte:

Super Interessante

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