Mini chifres de veado cresceram em cabeças de camundongos

Veado

Mini chifres crescem em cabeças de camundongos após cientistas implantarem células de veado

Um estudo envolvendo células-tronco de chifres de cervo pode ser a resposta para diversas questões da medicina óssea humana. A pesquisa, publicada na revista Science em fevereiro deste ano, se propôs a estudar um dos tecidos de regeneração celular mais rápida do reino anima: a galhada do cervo Sika (Cervus nippon).

Para acompanhar de perto o processo, os cientistas, liderados pelo pesquisador Toa Qin, desenvolveram “mini-chifres” em camundongos ao inserir genes de cervos no genoma desses animais, segundo o portal britânico IFLScience.

A escolha dos chifres dos cervos é simples

Como os mamíferos em geral perderam a capacidade de regenerar apêndices ou órgãos, o rápido crescimento da galhada dos cervos após sua queda (2,75 cm por dia) o torna um objeto de estudos ideal sobre como os mamíferos podem realizar o processo regularmente e como a medicina regenerativa óssea poderia funcionar.

Antes das células serem implantadas nas cabeças dos camundongos, Toa Qin e sua equipe criaram um “atlas” regenerativo do chifre, isolando múltiplas células e genes únicos, essenciais para o desenvolvimento do tecido.

Dez dias antes da queda dos chifres, os pesquisadores identificaram um tipo de célula-tronco, de capacidade altamente regenerativa, que permaneceu, mesmo que por pouco tempo, com os chifres após a queda. Cinco dias após a queda, um novo tipo de células-tronco surgiu.

De acordo com o portal britânico, durante a rotina de acompanhamento e observação dos estágios de crescimento, foram identificadas as células-tronco com maior potencial de crescimento, encontradas nas galhadas com cerca de cinco dias de idade.

Só então elas foram cultivadas e preparadas em uma placa petri para serem implementadas nas cabeças dos camundongos. Depois de 45 dias, já era possível identificar os mini-chifres por conta da diferenciação das células-tronco em tecido osteocondral, que é essencial para o reparo de fratura óssea.

O crescimento rápido da galhada possibilitou aos cientistas observar os mecanismos genéticos por trás do seu desenvolvimento, além de indícios de onde poderiam ser utilizados na medicina óssea humana. Além disso, o estudo sugere também que os mamíferos que perderam a capacidade de regeneração ainda podem conter alguns genes regenerativos.

Apesar dos resultados animadores, a pesquisa levanta questões acerca da bioética, referente à implantação de células entre espécies, e sobre os testes de segurança necessários para a sua aprovação. Por outro lado, se os mecanismos que precedem à regeneração forem descobertos, é possível que genes análogos possam ser encontrados em mamíferos.

Mesmo que os resultados não possam ser aplicados diretamente sobre uma fratura, eles fornecem uma nova visão sobre a regeneração de tecidos nos mamíferos, tanto dentro dos genomas quanto com uma pequena ajuda das células-tronco de chifre.

Fonte:

Extra Globo

[Biologia]