O que aconteceria com a Terra se todo mundo pulasse ao mesmo tempo?

Terra

Eis aqui uma daquelas perguntas formuladas em tenra idade que você acaba deixando para lá — normalmente porque parecem incrivelmente ingênuas ou bestas mesmo.

Entretanto, com um pouco de diligência científica, certamente é possível responder àquela famosa questão — “E se todos nós pulássemos ao mesmo tempo?” — sem parecer uma criança sete anos exercitando a criatividade.

Bem, conforme ressaltou o programa VSauce, algo certamente ocorreria. Mas não muito. Para considerar a questão, entretanto, é interessante relembrar alguns conceitos físicos básicos — a rotação, por exemplo.

Quanto mais massa no centro, maior é a velocidade

Um dos conceitos físicos que devem servir para dar uma resposta satisfatória à questão saltitante aqui proposta é o movimento rotacional.

Na verdade, conforme reforçou o referido programa, trata-se apenas de um ponto: quanto mais a massa de um objeto se concentra no centro, maior é a velocidade da rotação.

E, cá entre nós, nem é preciso subir aos astros e planetas para ter um exemplo claro dessa ideia. Basta pensar em um patinador. No tradicional movimento de giro em torno do próprio corpo, o desportista utiliza os braços e pernas para controlar a velocidade: quanto mais próximos do eixo do giro (grudados ao corpo, por exemplo), mais rápido será o giro, com o inverso valendo para os membros estendidos para fora.

Bem, “e o que isso tem a ver com o meu salto sobre a Terra?”. Basicamente, você pode alterar a velocidade de rotação da terra simplesmente ficando de cócoras — embora a diferença de velocidade seja tão ínfima que pode ser mesmo completamente desprezada. Mas vamos adiante.

Dias 0,0000018 segundo mais curtos

Partindo do conceito acima, torna-se bastante compreensível a afirmação de que a redistribuição de massa ocasionada, por exemplo, por terremotos é perfeitamente capaz de alterar a rotação da Terra. Conforme lembrou o VSauce, o terremoto ocorrido no Japão em 2011 foi capaz de tornar os dias 0,0000018 segundo mais curtos.

Entretanto, caso se quisesse provocar o mesmo efeito saltando sobre a superfície do planeta, seria necessário que a população global fosse pelo menos sete milhões de vezes maior do que a atual — nem mesmo uma campanha de promoção de natalidade em países como China e Índia poderia dar conta disso em tempo hábil, é claro.

7 bilhões de pessoas ombro a ombro

Ok, mas um salto concentrado ainda poderia ocasionar algum efeito. Supondo-se que fosse possível agrupar todas as pessoas da Terra, ombro a ombro, em uma única porção de terra — que ocuparia aproximadamente o espaço da cidade de Los Angeles (Califórnoa, EUA) —, e se todos saltassem simultaneamente a uma distância de 30 centímetros… A Terra se moveria apenas um centésimo da largura de um átomo de hidrogênio no espaço.

Quanto à rotação? Possivelmente não haveria nenhum efeito residual. Em outras palavras, esse pulo apoteótico não alteraria em caráter permanente o giro do planeta, já que tudo voltaria ao normal assim que o feito fosse concluído. Pois é, é a ciência “destruindo” mais uma fantasia infantil — juntamente com aquele seu desejo de voar.

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