Se a evolução é real, por que ainda existem macacos hoje?

Macacos

Se o homem evoluiu do macaco, por que ainda existem macacos?

Porque nós não evoluímos dos macacos: nós somos apenas um entre vários tipos de macaco. Todos, do mico-leão ao sagui, passando por nós e os chimpanzés, evoluíram em pé de igualdade, como galhos que brotam do mesmo ramo de uma árvore.

Teoria da Evolução é só o nome da teoria de que os seres vivos mudam de forma e comportamento com o tempo – uma teoria que está tão comprovada quanto é possível comprovar alguma coisa.

A palavra evolução, no sentido científico, não carrega juízo de valor, como se uma espécie fosse mais ou menos avançada que a outra. Não há um critério que nos permita comparar seres vivos como comparamos o desempenho de um iPhone X com o de um iPhone 4.

Você pode ver, abaixo, um gráfico que mostra a evolução dos primatas de grande porte. Nós, humanos, estamos no canto superior esquerdo. Os macacos que estão diretamente à nossa direita, do gênero Pan, são os chimpanzés, e são extremamente parecidos conosco: 98,8% do DNA é igual. Isso significa que a nossa linhagem e a deles se separaram há pouco tempo para os padrões geológicos – algo entre 5 e 7 milhões de anos.

(Dbachmann/Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0))
(Dbachmann/Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0))

Os que estão ligeiramente mais à direita, do gênero Gorilla, são, naturalmente, os gorilas. Eles têm uma semelhança genética ligeiramente menor conosco, de 98,4%. Isso significa que eles se separaram há um tempo só um pouquinho maior: 8 milhões de anos. Perceba que, quanto menor a semelhança genética entre duas espécies, mais distantes elas ficam uma da outra na árvore da vida.

Um macaco não é mais evoluído que o outro, e eles definitivamente não se organizam em uma escadinha, como dá a entender a clássica ilustração deste link – que mostra um primata adquirir gradualmente postura ereta, andar bípede e, às vezes, uma lança.

A pergunta que fica é: por que as espécies se ramificam?

Por que um grupo de animais se divide e ao meio, e as duas metades acumulam tantas diferenças entre si que se tornam espécies novas, criando mais ramos na árvore?

Geralmente, tudo começa com uma população de animais e uma barreira geográfica que divide essa população, isolando uma parte dela. Essa barreira pode ser qualquer coisa: um novo rio. Um novo vale. A formação de uma ilha. Você decide. O que importa é que a barreira impeça os indivíduos de cada lado de transarem uns com os outros. Em outras palavras, a barreira precisa criar duas novas populações, isoladas.

Daí para frente, um processo chamado seleção natural, descrito por Charles Darwin em 1859, entra em ação. De cada lado da barreira, o ambiente oferecerá desafios e predadores diferentes. Como você sabe muito bem, não há dois humanos, dois cachorros ou dois gatos iguais.

Essa diferenças inatas que existem entre indivíduos podem ajudar ou atrapalhar na sobrevivência. As características que ajudam se espalham pela população, porque seus possuidores conseguem se reproduzir. As que atrapalham desaparecem, porque seus possuidores morrem. Quando um certo número características diferentes se acumulam em cada uma das populações, elas já não conseguem mais se reproduzir entre si. Nascem duas espécies diferentes, cada uma o mais bem adaptada possível a seu habitat. Foi o que aconteceu com nós e os chimpanzés.

Um ser vivo, portanto, é mais apto a sobreviver a seu ambiente, e não mais apto no geral. É por isso que é errado dizer que nós somos mais evoluídos que, por exemplo, uma água-viva. Se você fosse obrigado a viver nas mesmas condições que levaram a água-viva a ser o que ela é, você certamente optaria pelos tentáculos.

Fonte:

Super Interessante

[Evolução]