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Vênus e a Terra, irmãs gêmeas separadas no nascimento

Vênus

Vênus é semelhante no tamanho e composição química quando comparado à Terra – e a dupla se formou mais ou menos ao mesmo tempo, há mais de quatro bilhões de anos.

Mas, aparentemente, as semelhanças param por aí

De acordo com dados registrados ao longo de um ano e enviados de volta pela sonda Venus Express, da Agência Espacial Européia (ESA, na sigla em inglês), lançada em novembro de 2005, o segundo planeta mais próximo do Sol não é nada parecido com a Terra – de sua superfície tórrida aos limites superiores de sua atmosfera ácida.

Algumas razões: a temperatura da superfície de Vênus gira em torno de escaldantes 465º C, sua pressão de superfície é cerca de 90 vezes a da Terra (equivalente à pressão a um quilômetro abaixo da superfície do oceano), e lá não existem estações.

O planeta – o vizinho mais próximo da Terra – leva 243 dias para girar em torno de seu próprio eixo (e na direção oposta), comparados às velozes 24 horas de rotação de sua “irmã”.

Conjunção de Júpiter e Vênus.

Graças aos novos dados, os cientistas sabem que a atmosfera consiste principalmente em dióxido de carbono, o que dá uma demonstração do que um aquecimento global descontrolado é capaz de gerar.

Por causa do calor extremo, a água está presente apenas na atmosfera, de modo que não há oceanos (e, portanto, não há praias).

Ventos fortíssimos que chicoteiam o planeta, suas nuvens cinzentas são compostas de gotículas de ácido sulfúrico (e não água) e, ao contrário do que se acreditava anteriormente, há raios em Vênus.

Em outras palavras, como se não bastasse Vênus ser quente o suficiente para derreter um iglu em milissegundos, lá também é possível ser atingido por um raio vindo de céus não tão azuis.

Uma equipe internacional de cientistas tem analisado a enorme quantidade de dados enviada de volta pelo Venus Express desde abril de 2006, quando começou a pesquisar Vênus, que, em sua menor distância, está a 40 milhões de quilômetros da Terra.

No equador do planeta, há uma camada de fluxo turbulento de ar, que diminui em latitudes maiores, ressalta Fred Taylor, físico da University of Oxford e cientista interdisciplinar da missão Venus Express.

As velocidades dos ventos na atmosfera superior são muito maiores que na Terra, o que se deve em parte à lenta rotação de Vênus

Vênus, também conhecido por Estrela d’Alva ou Estrela do pastor

Há também evidências de que os redemoinhos de ar do tipo vórtex têm milhares de quilômetros de largura em ambos os pólos, semelhantes aos que aparecem sobre os pólos terrestres durante seus respectivos meses de inverno.

Os ventos solares (rajadas de íons da atmosfera exterior do sol capazes de destruir as moléculas que encontram no caminho) sugam as partículas da atmosfera de Vênus, separam seus átomos e os cospem para o espaço.

A matéria particulada da atmosfera da Terra é bastante poupada dos ventos solares por causa do forte campo magnético de nosso planeta, algo que Vênus não tem.

Como esperado, os cientistas observaram luz e partículas carregadas como íons de hidrogênio e hélio deixando a atmosfera de Vênus, mas se surpreenderam ao descobrir que o oxigênio também estava de saída.

Os pesquisadores acreditam que o planeta está perdendo água, pois a quantidade de partículas de hidrogênio que saem é quase o dobro daquelas de oxigênio

Representação da superfície de Vênus.

“Vênus é muito, muito seco,” diz David Grinspoon, astrobiólogo do Denver Museum of Nature & Science. Toda a água contida em sua atmosfera, acrescenta, teria pouco mais que 2,5 cm de profundidade se estivesse na superfície do planeta.

A análise da água que deixa a atmosfera de Vênus, no entanto, mostra que muitos dos íons de hidrogênio são, na verdade, um isótopo estável de um elemento chamado deutério, que tem um próton e um nêutron (em vez de só um próton) em seu núcleo.

“A quantidade de deutério é uma pista importante da quantidade de água que já foi perdida com o passar do tempo,” diz Grinspoon.

Pesquisadores estimam que Vênus já perdeu uma quantidade de água equivalente à de um oceano desde que foi formado, com base nas partículas de deutério que estão sendo varridas pelos ventos solares.

“Essas diferenças não se devem apenas à maior proximidade de Vênus do Sol,” diz Taylor, de Oxford. “Agora sabemos que a falta de um campo magnético protetor e a menor taxa de rotação do planeta também exercem um papel importante para que muitos dos processos atmosféricos que observamos na Terra ocorram em ritmo muito mais acelerado em Vênus.

As novas informações possibilitam a construção de um cenário no qual Vênus começou como a Terra – possivelmente com um ambiente habitável, bilhões de anos atrás – e depois evoluiu para o estado que vemos agora.”

Fonte:

Scientif American Brasil

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Categorias: Astronomia
Davson Filipe: Davson Filipe é Técnico em Eletrônica, WebDesigner e Editor do Realidade Simulada - Blog que ele próprio criou com propósito de divulgar ciência para o mundo. Fascinado pelas maravilhas do universo, sonha em um dia conhecer a Nasa.
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