Você teve seu apêndice removido? Temos boas notícias

NÃO TER APÊNDICE REDUZ A CHANCE DE TER PARKINSON

A doença de Parkinson pode ter origem nas profundezas do sistema digestivo, de acordo com um novo estudo realizado por cientistas norte-americanos.

A pesquisa, publicada na revista Science Translational Medicine, descobriu que as pessoas que tiveram seu apêndice removido tinham menos chance de desenvolver essa doença neurodegenerativa.

Segundo os cientistas, no apêndice, pequeno órgão cuja utilidade no corpo humano ainda é uma dúvida, há a acumulação de uma proteína associada ao Parkinson, a alfa-sinucleína. Mutações dessa proteína foram encontradas em pacientes com a doença em pesquisas realizadas anteriormente.

Viviane Labrie, uma das autoras do estudo, disse que essa proteína “é capaz de viajar pelo nervo que conecta do trato gastrointestinal (onde fica o apêndice) até o cérebro, se disseminar e ter efeitos neurotóxicos”.

A organização sem fins lucrativos de pesquisa e apoio Parkinson UK, do Reino Unido, diz que a descoberta representa a evidência mais forte de que a origem da doença pode estar localizada fora do cérebro.

Na doença de Parkinson, proteínas tóxicas se acumulam no cérebro e matam os nervos, especialmente aqueles ligados ao movimento. Embora possa parecer contraintuitivo, há evidências crescentes de que o sistema digestivo está ligado à doença.

Papel do sistema digestivo e do apêndice

Pesquisadores do instituto Van Andel Research, em Michigan, nos Estados Unidos, analisaram dados médicos de 1,6 milhão de suecos em mais de 50 anos.

Eles constataram que o risco de desenvolver a doença de Parkinson foi 19% menor naqueles pacientes que haviam passado pela cirurgia de remoção do apêndice.

O estudo, no entanto, aponta que essa relação ocorreu apenas em pacientes que retiraram o órgão anos antes de desenvolverem os primeiros sinais de Parkinson.

Aqueles que retiraram o órgão após apresentarem sintomas de Parkinson não tiveram nenhuma melhora no quadro.

A pesquisa também mostrou que quase todas as pessoas estudadas tinham a proteína alfa-sinucleína em seu apêndice.

O apêndice obviamente não é o único fator

Mas os pesquisadores argumentam que o sistema digestivo é um solo fértil para essa proteína alfa-sinucleína, que viaja através do nervo vago até o cérebro.

Labrie diz que o estudo não quer fazer com que as pessoas removam o apêndice. O interesse pelo papel do sistema digestivo no desenvolvimento do Parkinson está crescendo.