Remover as amígdalas pode triplicar o risco de doenças respiratórias
Estudo com 1,18 milhão de crianças dinamarquesas revelou que as que tiraram as amígdalas na infância sofrem mais com asma, pneumonia e gripe na vida adulta.
A seleção natural não perde tempo com ineficiência. Há um bom motivo para cada parte do seu corpo ser do jeito que é – e as amígdalas não são exceção.
Embora tenham fama de inúteis no imaginário popular, elas são a primeira linha de defesa do sistema linfático contra bactérias, vírus e outros patógenos que penetram no corpo pela boca. Não se sabe com exatidão se removê-las tem consequências de longo prazo.
Para sanar essa lacuna na literatura médica, um trio de pesquisadores analisou os prontuários médicos de 1,18 milhão de dinamarqueses nascidos entre 1979 e 1999.
11,8 mil deles passaram por cirurgias de remoção de amígdalas ainda na infância. Outros 17,4 mil tiraram as adenoides – estruturas análogas às amígdalas, mas localizadas atrás do nariz, e não na boca.
31,7 mil passaram por uma operação dupla, e ficaram sem amígdalas e adenoides. Os demais, que não perderam nenhuma das duas estruturas até os nove anos de idade, serviram como base de comparação.
O estudo também levou em consideração a influência de variáveis como local de nascimento, histórico de saúde pessoal e familiar, peso ao nascer, complicações na gravidez e no parto, condições socioeconômicas etc.
A ideia é evitar, por exemplo, que uma pessoa que já nasceu de mal com o nariz – como alguém com rinite alérgica – desequilibre os números.
Conclusão:
ao longo da vida, a parcela da população que retirou as amígdalas sofreu com doenças respiratórias quase três vezes mais que o grupo de controle. Pneumonia, asma, gripe, bronquite e embolia pulmonar são, todos, mais comuns.
É sempre bom reforçar que associação não é o mesmo que causa. Na medicina, o fato de que duas coisas costumem aparecer juntas nos gráficos não quer dizer, necessariamente, que uma seja culpada pela outra.
Mas esse é um daqueles casos em que a coincidência é curiosa demais para ser, de fato, uma coincidência.
Fonte:
Referências:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23905820